Fala a Campesina
Música Sertaneja ou caipira é
um gênero musical do Brasil produzido a partir
da década de 1910, por compositores rurais e urbanos,
outrora chamada genericamente de modas, toadas, cateretês, chulas, emboladas e batuques,
cujo som da viola é predominante.
O folclorista Cornélio
Pires conheceu a música caipira, no seu estado original, nas fazendas do
interior do Estado de São Paulo e assim a descreveu em seu livro
"Conversas ao pé do Fogo":
-"Sua música se caracteriza por
suas letras românticas, por um canto triste que comove e lembra
a senzala e a tapera, mas sua dança é alegre".
Cornélio Pires em seu livro
"Sambas e Cateretês" recolheram letras de música cantadas nas
fazendas do interior do estado de São Paulo no início do século XX, antes
de existir a música caipira comercial e gravada em discos.
Inicialmente tal estilo de
música foi propagado por uma série de duplas, com a utilização de violas e
dueto vocal. Esta tradição segue até os dias atuais, tendo a dupla geralmente
caracterizada por cantores com voz tenor (mais aguda), nasal e
uso acentuado de um falsete típico.
Enquanto o estilo vocal
manteve-se relativamente estável ao longo das décadas,
O ritmo, a instrumentação e o contorno
melódico incorporaram aos poucos elementos de gêneros disseminados
pela indústria cultural.
Destacaram-se inicialmente, entre as
duplas pioneiras nas gravações em disco, Zico Dias e
Ferrinho, Laureano e Soares, Mandi e Sorocabinha e Mariano
e Caçula.
Foram às primeiras duplas a cantar
principalmente as chamadas modas de viola, de temática principalmente
ligada à realidade cotidiana - casos de "A Revolução Getúlio
Vargas" e "A Morte de João Pessoa", composições
gravadas pelo duo Zico Dias e Ferrinho, em 1930, e "A
Crise" e "A Carestia", modas de viola gravadas por
Mandi e Sorocabinha, em 1934. Gradualmente, as modificações melódicas e
temáticas (do rural para o urbano) e a adição de novos instrumentos
musicais consolidaram, na década de 1980,
Um novo estilo moderno da música
sertaneja, chamado hoje de "sertanejo romântico" - primeiro gênero de
massa produzido e consumido no Brasil, sem o caráter geralmente épico ou
satírico-moralista e menos freqüentemente, lírico do “sertanejo de raiz".
Tais modificações dentro do gênero
musical têm provocado muitas confusões e discussões no país a cerca do que
seria música caipira/sertaneja.
Críticos literários, críticos
musicais, jornalistas, produtores de discos, cantores de duplas sertanejas,
compositores e admiradores debatem sobre as quais seriam as formas artísticas
de expressão do gênero, que levam em conta as mudanças ocorridas ao longo de
sua história.
Muitos estudiosos seguem a tendência
tradicional de integrar a música caipira e sertaneja como subgêneros dentro um
só conjunto musical, estabelecendo fases e divisões:
de 1929 até 1944, como "música caipira" (ou
"música sertaneja raiz"); do pós-guerra até a década
de 1960, como uma fase de transição da velha música caipira rumo à constituição
do atual gênero sertanejo; e do final dos anos sessenta até a
atualidade, como música "sertaneja romântica”.
Outros no meio acadêmico, no entanto,
considera "música caipira" e "música sertaneja" gêneros
completamente independentes baseado na idéia de que a primeira seria a música
rural autêntica e/ou do homem rural autêntico, enquanto a segunda seria aquela
feita, como "produto de consumo", nos grandes centros urbanos
brasileiros por não-caipiras.
Outros autores estendem o conceito de
música caipira/sertaneja ao baião, ao xaxado e outros ritmos do
interior do Norte e Nordeste.
Se for adotado o critério de que
músicas caipiras e sertanejas são sinônimas, pode-se dividir este gênero
musical em alguns subgêneros principais: "Caipira" (ou
"Sertanejo de Raiz"), "Sertanejo Romântico" e
"Sertanejo Universitário".
"Sertanejo" são os
locais afastados, longe das cidades, ainda que seja mais presente sua relação com
o nordeste, do interior, que encontrou vegetação e clima hostis, além da
dominação política dos "coronéis", obrigando a desenvolver uma
cultura de resistência, do matuto, legitimamente sertanejo, conhecedor
da caatinga.
Difere-se da
cultura caipira, especificamente originária na área que abrange os estados
de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Paraná e a região Sul Fluminense, no Rio de
Janeiro.
Ali se desenvolveu uma cultura do
colono que encontrou abundância de águas, terra produtiva e um clima mais
ameno, típico do cerrado.
É conhecida como "caipira" ou
"sertaneja" a execução composta e executada das zonas rurais, do
campo, a antiga Moda de viola.
Os caipiras duplas ou solo, utilizavam instrumentos
típicos do Brasil - colônia, como viola caipira.
Primeira era
Foi em 1929 que surgiu a música sertaneja
como se conhece hoje.
Ela nasceu a partir de gravações
feitas pelo jornalista e escritor Cornélio
Pires de "causos" e fragmentos de cantos tradicionais
rurais do interior paulista, norte e oeste paranaense, sul e
triângulo mineiros, sudeste goiano e mato-grossense
Na época destas gravações pioneiras, o
gênero era conhecido como música caipira, cujas letras evocavam o modo de vida
do homem do interior.
(muitas vezes em oposição à vida do
homem da cidade), assim como a beleza bucólica e romântica da paisagem
interiorana (atualmente, este tipo de composição é classificado como
"música sertaneja de raiz", com as letras enfatizadas no cotidiano e
na maneira de cantar).
Além de Cornélio Pires e sua
"Turma Caipira", destacaram-se nessa tendência, mesmo que gravando em
época posterior, as duplas Alvarenga e Ranchinho, Torres e Florêncio, Tonico
e Tinoco, Vieira e Vieirinha, entre outros, e canções populares
como "Sergio Forero", de Cornélio Pires.
O Bonde Camarão “de Cornélio Pires e
Mariano, ”Sertão Laranjinha”, de Ariovaldo Pires e ”Cabocla
Tereza”, de Ariovaldo Pires e João Pacífico”.
Segunda era
Uma nova fase na história da música sertaneja teve
início após a Segunda Guerra Mundial, com a incorporação de novos estilos
(de duetos com intervalos variados e o estilo mariachi), gêneros
(inicialmente a guaranía e a polca paraguaia e, mais
tarde, o corrido e a rancheira mexicana) e
instrumentos (como o acordeom e a harpa).
A temática vai tornando-se gradualmente mais
amorosa, conservando, todavia, um caráter autobiográfico.
Alguns destaques desta época foram os
duos Cascatinha e Inhana, Irmãs Galvão, Irmãs Castro, Sulino e Marrueiro,
Palmeira e Bia, Trio Luizinho, Limeira e Zezinha (lançadores da musica) e
o cantor José Fortuna (adaptador da guarânia
no Brasil).
Ao longo da década de 1970, a dupla, Milionário
e Jose Rico sistematizaram o uso de elementos da tradição mexicana
mariachi com floreios de Violino e Trompete para preencher espaços
entre frases e golpes de glote que produzem uma qualidade soluçante na
voz.
Outros nomes, como a dupla Pena
Branca e Xavantinho, seguiam a antiga tradição caipira, enquanto o
cantor Tião carreiro inovava ao fundir o gênero com o
samba, coco e calango de roda.
Terceira era
A introdução da guitarra elétrica e
o chamado "ritmo jovem", pela jovem dupla Léo Canhoto e
Robertinho, no final da década 60
Marcam o início da fase moderna da música sertaneja.
Um dos integrantes do movimento
musical Jovem Guarda, o cantor Sergio Reis passou a gravar
na década de 1970 o repertório tradicional sertanejo, de forma a
contribuir para a penetração mais ampla ao gênero.
Renato Teixeira foi outro artista a se
destacar àquela altura.
Naquele período, os locais de
performance da música sertaneja eram originalmente o circo, alguns rodeios e
principalmente as
Rádios AM.
Já a partir da década de
1980, essa penetração estendeu-se às Rádios FM e também
à Televisão-seja em programas semanais matutinos de domingo ou
em trilhas sonoras de novela ou programas especiais.
Durante os anos oitenta, houve uma
exploração comercial massificada do sertanejo, somado, em certos casos, a uma releitura
de sucessos internacionais e mesmo da Jovem Guarda.
Dessa nova
tendência romântica da música sertaneja surgiram inúmeros artistas, quase
sempre em duplas,
Entre
os quais, o Trio, Parada Dura, Chitãozinho e Chororó, Leandro e Leonardo,
Zezé Di Camargo e Luciano, Christian e Ralf, João Paulo e Daniel, Chico
Rei e Paraná, João Mineiro e Marciano, Gian e Giovane, Rick e Renner,
Gilberto e Gilmar, além das cantoras Nalva Aguiar, Roberta Miranda entre
outras.
Alguns dos sucessos desta fase
estão "Fio de Cabelo", de Marciano e Darci
Rossi, "Apartamento 37", de Leo Canhoto, "Pense em
Mim", de Douglas Maio, "Entre Tapas e Beijos", de Nilton
Lamas e Antonio Bueno e "Evidências", de José Augusto e Paulo
Sérgio Valle.
Contra esta
tendência mais comercial da música sertaneja, reapareciam nomes como da
dupla Pena branca e Xavantinho, adequando sucessos da MPB à linguagem das
violas, e surgiam novos artistas como Almir Sater, violeiro sofisticado,
que passeava entre as modas de viola e os Blues.
Na década
seguinte, uma nova geração de artistas surgiu dentro do sertanejo disposta a se
reaproximar das tradições caipiras, como Roberto Correa, Ivan
Vilela, Perreira da Viola, Chico Lobo e Miltinho Edil Berto.
Atenta,
a indústria fonográfica lançou na década um movimento similar,
chamado Sertanejo universitário com nomes como Guilherme e
Santiago, Marcos e Leo, João Bosco e Vinicius, Cezar Menotti e Fabiano, Jorge e
Mateus, Vitor e Leo, Fernando e Sorocaba, Marcos e Belutti e João Neto e
Frederico.
Como esse
movimento não para e ganha cada vez mais adeptos, o mercado que antes tinha
como foco de surgimento de duplas e artistas sertanejos no estado
de Goiás hoje tem elegido novos ídolos do estado de Mato
Grosso do Sul como a revelação escolar da dupla Maria Cecília e
Rodolfo.
Porém, Goiás
não deixou de revelar grandes nomes no cenário nacional, surgiram os já
citados Jorge e Mateus e João Neto e Frederico sem falar de grandes
artistas vinculados ao sertanejo mais massificado da década anterior, como Guilherme
e Santiago, Bruno e Marrone e Edson e Hudson.
Quarta
era
COMEÇA A RECICLAGEM DO SERTANEJO
UNIVERSITÁRIO, OS
ARTISTAS COMEÇAM A DIVISÃO MUSICAL.
BOA
PARTE RETORNA PARA AS INFLUÊNCIAS DA MODA DE VIOLA OU "MODÃO" COMO OS
ARTISTAS ESTÃO PREFERINDO CHAMAR O NOVO SEGUIMENTO E COMEÇA A SURGIR CDS COM O
SUBTÍTULO DE "SÓ MODÃO". JÁ OUTRA PARTE SEGUE AS TENDÊNCIAS DO
SERTANEJO ROMÂNTICO DO PASSADO QUE É O CASO DE ARTISTAS COMO EDUARDO COSTA E
LÉO MAGALHÃES.
O SERTANEJO UNIVERSITÁRIO MUDOU MUITO A FORMA DO
SERTANEJO CONVENCIONAL, JÁ QUE ALGUNS INSTRUMENTOS COMO A SANFONA, SE TORNARAM
MAIS ELETRÔNICOS, ASSIM, TORNANDO A MÚSICA COM UM RITMO UM POUCO MAIS ACELERADO.
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