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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

22/12/11O termo caipira

Falando a R-Sertaneja aos campesinos,
Tudo que diz respeito ao que falam sobre sertanejo aqui é colocado de uma forma ou de outra.
O termo caipira
O termo caipira é o nome que os indígenas guianas do interior do estado de São Paulo, no Brasil, deram aos colonizadores brancos, caboclos, mulatos e negros.
É também uma designação genérica dada, no país, aos habitantes das regiões situadas principalmente no interior do sudeste e centro-oeste do país.
Entende-se por "interior" todos os municípios que não pertencem às grandes regiões metropolitanas nem ao litoral, onde existe o caiçara.
O termo caipira teve sua origem e costuma ser utilizado com mais freqüência no estado de São Paulo.
Seu congênere, em Minas Gerais, é capiau (palavra que também significa "cortador de mato"); na região Nordeste, matuto e, no Sul, colono.
No sul do país (Curitiba),


Existem várias explicações etimológicas sobre a origem do termo, sempre a partir da língua tupi:
Ka'apir ou Kaa - pira, que significa "cortador de mato";
ka'a pora, "habitante do mato", a partir de ka'a ("mato") e pora ("gente, povo
Origens
O núcleo original do caipira foi formado pela região do Médio Tietê, estão entre as primeiras vilas fundadas no estado de São Paulo, durante o Brasil colonial, e de onde partiram algumas das importantes bandeiras no desbravamento do interior brasileiro.
Os bandeirantes partiam da Vila de São Paulo de Piratininga e desta região do Médio Tietê, nas chamadas "monções", embarcando em canoas, no atual município de Porto Feliz, para desbravarem o interior do Brasil.
No quadrilátero formado pelas cidades de Campinas, Piracicaba, Botucatu e Sorocaba, no médio rio Tietê, ainda se preservam a cultura e o sotaque caipiras.
Nesta região, o caipira sofreu muitas transformações, influenciado que foi pela maciça imigração italiana para as fazendas de café.
Na região norte paulista (de Campinas a Igarapava) povoada posteriormente, no início do século XIX, a presença de migrantes de Minas Gerais foi grande dando outra característica à região.
                 Já o Oeste de São Paulo, de colonização recente (início do século XX), já surgiu com a presença italiana, japonesa, mineira e nordestina, também formando uma cultura bem diferente das regiões mais antigas de São Paulo.

Cultura caipira
Assim, bastante isolados, geraram uma cultura bem peculiar e localizada, e, por outro lado, preservaram muito da cultura da época em que o Brasil era uma colônia de Portugal.
A chamada "cultura caipira" é fortemente caracterizada pela intensa religiosidade católica tradicional, por superstições e pelo folclore rico e variado.
O caipira usa um falar, o dialeto caipira que, muitas vezes, preserva elementos do falar do português arcaico (como dizer "pregunta" e não "pergunta") e, principalmente, do tupi e do nheengatu.
Nestas duas línguas indígenas não há certos fonemas como o "lh" (ex: palha) e o "l" gutural (ex: animal).
Por este motivo, na fala do caipira, a palavra "palha" vira "paia" e "animal" vira algo como "animar". Este modo de falar, o dialeto caipira, é também conhecido como tupinizado ou acaipirado.
Amadeu Amaral, em seu estudo "Dialeto Caipira" diz sobre os diversos falares do Estado de São Paulo: "No próprio interior deste Estado (São Paulo) se pode distinguir sem grande esforço zonas de diferente matiz dialetal: o Litoral, o chamado "Norte", o Sul, a parte confinante com o Triângulo Mineiro."

Música caipira
Sua música é chamada de música caipira, posteriormente, para se distinguir da música sertaneja, recebe o nome de "música de raiz" também é conhecida por 'música do interior'.
O compositor Renato Teixeira, com sua composição "Rapaz Caipira", foi um dos responsáveis pela volta do nome "música caipira".
“A música caipira tem uma temática rural, e, segundo Cornélio Pires, que a conheceu em seu estado original, se caracteriza “por suas letras românticas, por um canto triste que comove e lembra a senzala e a tapera”, mas sua dança é alegre”.
Entre suas mais destacadas variações, está a moda de viola. O termo "moda de viola" usado por Cornélio Pires é o mais antigo nome da música feita pelo caipira.
A música é geralmente homofônica ou, algumas vezes, no estilo primitivo do organum.
O cantor, compositor e empresário nordestino-brasileiro, Roberto Trevisan gravou a música "Matuto em Nova York"; citando "Matuto", sendo ele mesmo, "uma caipira imigrante na cidade de Nova York".

Contos ou causos do caipira
Também são típicos do caipira os "causos", (historietas contadas através de pai para filho durante séculos), que o caipira gosta de contar.
Poe um exemplo:
"Havia um grupo de dez sacis, que vivia numa fazenda com um fazendeiro muito mau. Tinha saci de todo tipo, malandro, bagunceiro, reinador, briguento, como qualquer moleque. Um dia o fazendeiro desapareceu e os sacis também desapareceram e ninguém sabe pra onde foram.
Com o tempo, começaram a aparecer em estradas, para tropeiros e cargueiros, que davam pinga para os sacis.
Com o tempo, foram acabando as tropas, foram aparecendo os carros e eles não foram mais aparecendo nas estradas. “Mas continuaram aparecendo para os pescadores, assombrando fazendas, destruindo criação pequena, que sumia das fazendas, tirava ovo da galinha que estava chocando...”
  Os vários tipos de caipira
O tipo humano do caipira e sua cultura tiveram sua origem no contato dos colonizadores brancos bandeirantes com os nativos ameríndios (ou gentios da terra, ou bugres) e com os negros africanos escravizados. Os negros de São Paulo eram na sua grande maioria provenientes de Angola e Moçambique, ao contrário dos negros da Bahia na sua maioria provenientes da Costa da Guiné.
Assim, o caipira se dividia em quatro categorias, segundo sua etnia, cada uma delas com suas peculiaridades:
Caipira caboclo: descendente de índios catequizados pelos jesuítas. Nele é que surgiu a inspiração para o personagem Jeca Tatu descrito no conto Urupês e no artigo "Velha Praga" de Monteiro Lobato e para a criação do Dia do Caboclo, comemorado em 24 de junho, São João Evangelista; Dele diz Cornélio Pires:
            Coitado do meu patrício! Apesar dos governos os outros caipiras se vão endireitando à custa do próprio esforço, ignorantes de noções de higiene... Só ele, o caboclo, ficou mumbava, sujo e ruim! Ele não tem culpa... Ele nada sabe. Foi um desses indivíduos que Monteiro Lobato estudou, criando o Jeca Tatu, erradamente dado como representante do caipira em geral! 
— Cornélio Pires
Caipira negro: descendente de escravos, na época de Cornélio Pires chamado de Caipira Preto: Foi imortalizado pelas figuras folclóricas da mãe-preta e do preto-velho que é homenageado por Tião Carreiro e Pardinho nas músicas "Preto inocente" e "Preto Velho". É, em geral, pobre. Sofre, até hoje, as consequências da escravidão; Cornélio Pires diz dele: "É batuqueiro, sambador, e "bate" dez léguas a pé para cantar um desafio num fandango ou "chacuaiá" o corpo num baile da roça".
Caipira branco: descendente dos bandeirantes, uma nobreza decaída, orgulha-se de seu sobrenome bandeirante: os Pires, os Camargos, os Paes Lemes, os Prados, os Siqueiras, os Prados, entre outros.
É católico, e se miscigenou com o colono italiano. Pobre, mas é, ainda, proprietário de pequenos lotes de terras rurais: os chamados sítios. Cornélio Pires, em seu livro "Conversas ao Pé do Fogo", conta que o caipira branco, descendente dos "primeiros povoadores, fidalgos ou nobres decaídos", se orgulhava do seu sobrenome:
            Se o caipira branco diz: "Eu sou da família Amaral, Arruda, Campos, Pires, Ferraz, Almeida, Vaz, Barros, Lopes de Souza, Botelho, Toledo", ou outra, dizem os caboclos: "Eu sou da raça, de tal gente"!
— Cornélio Pires
 Caipira mulato, descendente de africanos com europeus. Raramente são proprietários. Cornélio Pires os tem como patriotas e altivos. Diz dele Cornélio Pires: “o mais vigoroso, altivo, o mais independente e o mais patriota dos brasileiros”. Excessivamente cortês, galanteador para com as senhoras, jamais se humilha diante do patrão. Apreciador de sambas e bailes, não se mistura com o “caboclo preto”.
Cornélio Pires informa, em Conversas ao Pé do Fogo, onde descreveu a vida do caipira, que o caipira cafuzo e o caipira "caboré" são raros no Estado de São Paulo.

O caipira na cultura brasileira
O caipira foi estigmatizado por Monteiro Lobato, que conheceu apenas o caipira caboclo, tomando-o como paradigma e protótipo de todos os caipiras.
O cineasta Amácio Mazzaropi criou uma personagem, nos anos de 1950, que fez muito sucesso no cinema brasileiro: O Jeca, inspirado no caipira branco (Mazzaropi tinha ascendência italiana).
O cartunista Maurício de Sousa também tem um personagem caipira nas histórias da Turma da Mônica que é o Chico Bento: um menino caipira que representa o confronto da cultura caipira com a urbanização do Brasil. Notável é o fato de as falas nas historietas em quadrinhos do "Chico Bento" serem escritas no dialeto caipira, em vez do português culto, contudo as falas se tornam justificáveis por serem utilizadas em negrito, tecnicamente o erro ficaria subentendido.
O caipira foi retratado com precisão e maestria pelo pintor José Ferraz de Almeida Júnior nas suas obras-primas "caipira picando fumo" e "violeiro".
O maior estudioso do caipira foi Cornélio Pires que compreendeu, valorizou e divulgou a cultura caipira nos centros urbanos do Brasil.
Cornélio Pires em sua obra Samba e Cateretês, registrou inúmeras letras de música caipiras, que ouviu em suas viagens, e que, sem esta obra, teriam caído no esquecimento.
Cornélio Pires registrou também a influência da imigração italiana entrando em contato com o caipira. Cornélio Pires também registrou os termos caipiras mais usados em seu Dicionário do Caipira publicado na obra "Conversas ao pé do Fogo".
Cornélio Pires foi o primeiro que lançou, em discos de 78 Rpm, a música caipira, hoje chamada de "música de raiz", em oposição à música sertaneja e produziu cerca de 500 discos em 78 rpm.
Os seguintes termos servem de sinônimo para o caipira brasileiro (sendo alguns regionais):
araruama; babaquara; babeco; baiano; baiquara; beira-corgo; beiradeiro; biriba ou biriva; botocudo; brocoió; bruaqueiro; caapora; caboclo; caburé; cafumango; caiçara; cambembe; camisão; canguaí; canguçu; capa-bode; capiau; capicongo; capuava; capurreiro; cariazal; casaca; casacudo; casca-grossa; catatuá; catimbó; catrumano; chapadeiro; curau; curumba; groteiro; guasca; jeca; macaqueiro; mambira; mandi ou mandim; mandioqueiro; mano-juca; maratimba; mateiro; matuto; mixanga; mixuango ou muxuango; mocorongo; moqueta; mucufu; pé-duro; pé-no-chão; pioca; piraguara; piraquara; queijeiro; restingueiro; roceiro; saquarema; sertanejo; sitiano; tabaréu; tapiocano; urumbeba ou urumbeva.








Viola caipira
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Viola caipira

Viola caipira com belo trabalho de marchetaria
Classificação
Hornbostel-Sachs        Instrumento de cordas
Cordofone
Viola caipira, também conhecida como viola sertaneja, viola nordestina, viola cabocla e viola brasileira, é um instrumento musical de cordas.
Com suas variações, é popular principalmente no interior do Brasil, sendo um dos simbolos da música popular brasileira
Origem
Tem sua origem nas violas portuguesas, oriundas de instrumentos árabes como o alaúde. As violas são descendentes diretas da guitarra latina, que, por sua vez, tem uma origem arábico-persa.
As violas portuguesas chegaram ao Brasil trazida por colonos portugueses de diversas regiões do país e passou a ser usada pelos jesuítas na catequese de indígenas.
Mais tarde, os primeiros caboclos começaram a construir violas com madeiras toscas da terra.
Era o início da viola caipira.
 Tipos de viola
Viola caipira em exposição.
Existem várias denominações diferentes para Viola, utilizadas principalmente em cidades do interior: viola de pinho, viola caipira, viola sertaneja, viola de arame, viola nordestina, viola cabocla, viola cantadeira, viola de dez cordas, viola chorosa, viola de queluz, viola serena, viola brasileira, entre outras.
 O instrumento
Violeiro tocando, obra de Almeida Júnior.
A viola caipira tem características muito semelhantes ao violão. Tanto no formato quanto na disposição das cordas e acústica, porém é um pouco menor.
Existem diversos tipos de afinações para este instrumento, sendo utilizados de acordo com a preferência do violeiro.
As mais conhecidas são Cebolão, Rio Abaixo, Boiadeira e Natural.
A disposição das cordas da viola é bem específica: 10 cordas, dispostas em 5 pares. Os dois pares mais agudos são afinados na mesma nota e mesma altura, enquanto os demais pares são afinados na mesma nota, mas com diferença de alturas de uma oitava. Estes pares de cordas são tocados sempre juntos, como se fossem uma só corda.
Uma característica que destaca a viola dos demais instrumentos é que o ponteio da viola utiliza muito as cordas soltas, o que resulta um som forte e sem distorções, se bem afinada. As notas ficam com timbre ainda mais forte pois este é um instrumento que exige o uso de palheta, dedeira ou principalmente unhas compridas, já que todas as cordas são feitas de aço e algumas são muito finas e duras.
Símbolo nacional
A viola é o símbolo da original música sertaneja, conhecida popularmente como moda de viola ou música raiz.
No Brasil, é um instrumento tradicional, musicas entoadas em suas cordas atravessaram décadas e gerações e até hoje estão presente no nosso dia a dia da cultura brasileira.
Em Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul dentre outros, a viola tem destaque na musica, onde a tradição da moda de viola é passada de geração em geração. A viola é um instrumento com um potencial fora do normal.O musico e instrumentista já falecido Renato Andrade comprovou isso em meio de estudos em que conseguiu imitar instrumentos como:Harpa de concerto,Harpa Paraguaia,Guitarra Portuguesa,Bandolim Napolitano,Balalaica Russa,e como ele sempre dizia,também imita a viola!
 Lendas e histórias
Existem diversas lendas e histórias acerca da tradição dos violeiros.
Há diversas lendas e histórias a respeito das afinações da viola. O nome da afinação Cebolão seria do fato de as mulheres chorarem, emocionadas ao ouvir a música, como quem corta cebola.
A afinação Rio Abaixo seria originada na lenda de que o Diabo costumava descer os rios tocando viola nessa afinação e, com ela, seduzindo as moças e as carregando rio abaixo.
Do violeiro que utiliza esta afinação diz-se, eventualmente, que pode estar enfeitiçado ou ter feito pacto com o demônio.
Acredita-se que a arte de tocar viola seja um dom de Deus, e quem não o recebeu ao nascer nunca será um violeiro de destaque.
Porém, a lenda diz que mesmo a pessoa não contemplada com este dom pode adquirir habilidade de um bom violeiro.
Uma das opções seria uma magia envolvendo uma cobra-coral venenosa e é conhecida como simpatia da cobra-coral.
Outro modo seria fazer rezas no túmulo de algum antigo violeiro na sexta-feira da paixão.
Há ainda a possibilidade de o violeiro firmar um pacto com o Diabo para aprender a tocar viola.
O pesquisador Antônio Candido conta que na região da Serra do Caparaó, assim como em outras, o Diabo é considerado o maior violeiro de todos.
Tal mito explica a quantidade de histórias, em todo o Brasil, de violeiros que teriam feito pacto com o Diabo para tocarem bem.
Porém, o violeiro que faz este tipo de pacto não vai para o inferno já que todos no "céu" querem violeiros por lá.
Uma característica dos violeiros típico do nordeste são os duelos de tocadores. Todo bom violeiro se auto-afirma o melhor da região.
Se outro violeiro o contraria, o duelo está começado.
Em certas regiões, por tradição, as violas carregam pequenos chocalhos feitos de guizo de cascavel, pois segundo a lenda, tem poder de proteção para a viola e para o violeiro. Segundo contam os violeiros de antigamente, o poder do guizo chega a quebrar as cordas e até mesmo o instrumento do violeiro adversário.
 Folclore brasileiro

A viola está presente em diversas manifestações brasileiras, como Catira, Fandango, Folia de Reis, e outras, pelo Brasil afora.
  Grandes duplas e conjuntos de violeiros
Viola caipira.
Craveiro e Cravinho
Irmãs Galvão
Liu e Léu
Tião Carreiro e Pardinho;
Tonico e Tinoco
Tião Carreiro e Carreirinho
Zé Mulato & Cassiano
Grandes violeiros
Tião Carreiro
Almir Sater
Braz da Viola
Chico Lobo
Eduardo Costa
Helena Meirelles
Heraldo do Monte
Humberto Gessinger
Inezita Barroso
Ivan Vilela
Nestor da Viola
Renato Andrade
Renato Teixeira
Roberto Corrêa
Teddy Vieira
Paulo Freire
Pereira da Viola
Mazinho Quevedo
la.


Duplas caipiras
mostram aptidão da música popular para nomes divertidos

Edgard Murano


Capas curiosas: do trocadilho singelo de Chanceler & Diplomata à aliteração de Liu & Léu e o sincretismo com o pop americano, de Rock & Ringo
Da música caipira ao sertanejo atual, muita coisa mudou nestes oitenta anos do chamado "som de raízes" brasileiro. A começar pelos nomes das duplas desse gênero musical, hoje bem menos espontâneos que os de antigamente, época em que as jogadas de marketing eram mais singelas e, em alguns momentos, até mais criativas.

Nomes inusitados, cheios de aliterações, assonâncias e trocadilhos, viraram uma marca do gênero, com resultados muitas vezes bem humorados, como os de Poliglota & Porta-voz, Chanceler & Diplomata, Faceiro & Fascinante, Cacique & Pajé e Rock & Ringo até Lennon & Linaldo e Bátima & Robson, mais atuais. Hoje, essas duplas circulam pela internet, em sites especializados, blogs e mesmo spams, despertando a curiosidade de quem nunca pensou que esse gênero pudesse ser tão engraçado.

A tradição de nomes pitorescos é tão antiga quanto a música popular brasileira, e na década de 30 duplas caipiras como Jararaca & Ratinho já faziam rir só pela menção de seus nomes artísticos.

Porém, a maioria desses artistas, como o trio Cruzeiro, Tostão e Centavo ou a dupla Monetário & Financeiro, não alcançou o sucesso de duplas como Tonico & Tinoco e Chitãozinho & Xororó, só para ficar em alguns dos exemplos mais conhecidos do sertanejo.

Até o poeta máximo da língua portuguesa deu as caras na música sertaneja, como atesta a dupla Camões & Camargo. O compositor austríaco de A Flauta Mágica, por sua vez, não foi esquecido, graças aos parceiros Mozart & Mozair. A novela Roque Santeiro (TV Globo, 1985) também rendeu uma dupla, Roque & Santeiro.

A matemática nos legou Divisor & Consciente e a arquitetura, Castelo & Mansão. A contagem do tempo consolidou Domyngo & Feryado, e Presente & Futuro. Há também homenagens a personalidades da política e a militares que entraram no imaginário brasileiro, caso de Franco & Montoro e Marechal & Rondon. Até a influência oriental se fez sentir no gênero sertanejo, a julgar pelos improváveis Toshiro & Tanaka, cuja Carne e Queijo parodiava Entre Tapas e Beijos, sucesso na voz de Leandro & Leonardo.

Paródia
Talvez o ponto alto da paródia sertaneja, em que se pese o fracasso comercial, tenha sido a dupla Conde & Drácula, uma homenagem ao célebre personagem criado pelo inglês Bram Stoker. A temática de assombro não era, no entanto, o apelo da dupla, embora, em disco homônimo de 1974, haja uma versão sertaneja do poema O Corvo, do escritor norte-americano Edgar Allan Poe, com direito ao estribilho "Nunca mais!".


Capa do álbum Conde & Drácula, de 1974: sátira sertaneja e citações literárias
- Alguns nomes de duplas foram criados para causar mais impacto, como Milionário & Zé Rico e Chitãozinho & Xororó, estes com nomes de passarinhos que substituíram os nomes originais dos dois irmãos - diz a jornalista Rosa Nepomuceno, autora de Música Caipira - Da Roça ao Rodeio (Editora 34, 1999).

Franco & Montoro se inspiraram no político paulista, mas a dupla sertaneja Teodoro & Sampaio garante que não se inspirou na rua do bairro paulistano de Pinheiros, afirma o pesquisador Ayrton Mugnaini Jr., autor de Enciclopédia das Músicas Sertanejas (Letras & Letras, 2001).

Teodoro teria confidenciado a Ayrton que o nome da dupla se inspirou, na verdade, numa cidade do interior baiano, que por coincidência também homenageava Theodoro Fernandes Sampaio, 1885/1937, engenheiro e historiador que teria nascido na Bahia.

Mugnaini Jr. alerta para o fato de que a irreverência é uma característica dos nomes artísticos de muitos gêneros da música popular brasileira, não só a sertaneja. No rock nacional dos anos 70, por exemplo, havia Secos & Molhados, Achados & Perdidos, Assim Assados, Ponto & Vírgula e até um Etc. & Tal, lembra o pesquisador.

Já a recorrência de diminutivos nas duplas, de Ratinho a Ranchinho, viria do próprio apreço do brasileiro pelo grau diminutivo das palavras, o mesmo que se reflete nas letras da bossa nova, cheias de "chorinhos", "beijinhos" e "barquinhos", exemplificam Mugnaini Jr.

Não é incomum que os nomes venham também de canções, afirma o pesquisador: o batismo de Chitãozinho & Xororó, por exemplo, veio de uma toada de Serrinha & Caboclinho, que fazia referência às aves inhambu chitão e inhambu Xororo.
O cantor Dieses dos Anjos tornou-se Ranchinho por ter baixa estatura e viver cantarolando a música No Rancho Fundo, de Ary e Lamartine. De tanto cantar e tocar o instrumental Rato Rato, Severiano Rangel terminou por ser "crismado" Ratinho.

Irreverência
Boa parte dos nomes artísticos de duplas sertanejas, entretanto, parece mesmo ter sido criada para dar mais sonoridade ao duo, como Liu & Léu, Silveira & Silveirinha e Rick & Renner, por exemplo. Mas também surgiram espontaneamente no convívio das cidades, vilarejos e fazendas no interior. Hoje, mais voltada à dor de cotovelo e aos amores impossíveis da temática brego-romântica, a música caipira parece ter deixado de lado os temas do campo, do bucolismo, dos animais e das relações com os vizinhos. E os nomes adotados pela maioria das duplas, se não um reflexo desse empobrecimento temático, podem indicar uma obsessão por assuntos que os antigos, sabiamente, não tinham.
Nome criativo é requisito do gênero

Por Ayrton Mugnaini Jr.

As primeiras duplas caipiras surgiram nos anos 10/20: Os Garridos (o casal Américo e Alda Garrido), Os Danilos e Os Carolinos. Nomes de duplas mais engraçados começaram mesmo nos anos 30 e tinham antecedentes em outros campos, como a literatura (Sinhaninha e Maricota). E graças à presença italiana e latina, temos muitos diminutivos em "ito(a)" e "ino(a)" no sertanejo, como Inezita e Barrerito.

A primeira dupla caipira com nome jocoso (ao menos a primeira a fazer sucesso) foi Jararaca & Ratinho, que eram humoristas; talvez por influência deles, muitas duplas têm pelo menos um nome no diminutivo (Sorocabinha, Ranchinho, Nestorzinho, Passarinho, Jacozinho, Bentinho, Chitãozinho, Xavantinho).

As motivações para nomes de duplas vão da sonoridade, eufonia e humor à expressividade e facilidade de memorização que o batismo pode ter.

Além de engraçados e até infames, como Redator & Jornalista, os nomes podem ser sóbrios e objetivos (Torres & Florêncio, Mariano & Caçula, Bruno & Marrone), evocativos (Duo Ciriema, Duo Glacial) ou alegres (Tonico & Tinoco, Xandica & Xandoca).

Além de chamar atenção, muitas duplas escolhem nomes visando pegar carona no sucesso de outras. O sucesso de Tião Carreiro & Carreirinho inspirou Zé Carreteiro & Manoelzito, além de Tião do Carro & Pagodinho, Peão Carreiro & Zé Paulo, Zé Carreiro & Carreirinho, João Carreiro & Capataz... Leandro e Leonardo motivaram a dupla Leão & Leopardo. Algumas parecem escolher o óbvio e depois negar. Perguntei à dupla Rick & Renner se ela se inspirou no cantor evangelista Rick Renner e ela negou:
- O nome Rick já existia antes da dupla. O Geraldo se inspirou no Menudo, que na época fazia sucesso. Ele tinha uma dupla, Rick & Rei. Quando entrei, escolhi Renner para combinar com o nome Rick - conta Renner.

A dupla Lennon e Linaldo também nega inspiração nos Beatles, dizendo ser homenagem a um amigo.

Ayrton Mugnaini Jr. é compositor, autor de Enciclopédia das Músicas Sertanejas (Letras & Letras, 2001)





Um comentário:

  1. Ampla e completa explanação sobre o termo caipira e tudo o que está relacionado a ele. Em nosso último artigo no blog fizemos a análise da música Chitãozinho e Xororó que batizou a dupla que conhecemos!

    Grande abraço!

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