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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Pioneiro Cornélio Pires

Cornélio Pires O Pioneiro
 A turma caipira de Cornélio Pires.
Foto histórica de 1929, vendo-se da esquerda para a direita, em pé: Ferrinho, empunhando a "puíta", Sebastião Ortiz de Camargo (Sebastiãozinho), Caçula, Arlindo Santana; sentados: Mariano, Cornélio Pires e Zico Dias.

  O Bandeirante da Música Caipira

           Jornalista, escritor, poeta, folclorista e cantador, ele foi o primeiro a gravar um disco de música caipira. É também obra sua a divulgação desta música, através de um Teatro Ambulante.
          A história do disco caipira, de tão grande sucesso nos dias atuais, começa em maio de 1929, com a primeira gravação da Turma de Cornélio Pires.
Eram um 78 rotações de rótulo vermelho, que levava o selo Columbia. De um lado, “Jorginho do Sertão” e, do outro, “Moda de Pião”, ambas de autoria do próprio Cornélio.
        E quem seria Cornélio Pires, considerado o “bandeirante da música caipira”?
        Natural da cidade de Tietê (SP), escritor, folclorista, Jornalista, poeta e cantador, Cornélio nasceu a mais de cem anos atrás, em 1884.
 Foi com ele que a música sertaneja passou a ser encarada sob o ponto de vista profissional. A princípio, por volta de 1914, Cornélio dedicava-se a organizar espetáculos pelo interior de São Paulo, para divulgar a arte caipira e apresentar artistas sertanejos: era as Conferências Cornélio Pires.
        Com o passar do tempo, aquelas apresentações tomaram jeito de espetáculos, e foi a essa altura que Cornélio Pires tomou a iniciativa de gravar um disco.
Ao chegar a São Paulo, porém, viu seu grande sonho cair água abaixo : gravadora alguma queria arriscar um tipo de música que , acreditavam , não teria receptividade junto ao público.
        Confiante em seus propósitos, Cornélio não desistiu. Ao contrário , armou-se de toda sua força de vontade , juntou-se a alguns amigos ( as duplas Zico Dias e Ferrinho, Mandi e Sorocabinha, Mariano e Caçula) e pagou para gravar seu próprio disco.Lançava, assim , em maio de 1929, a Série Caipira Cornélio Pires. Pode-se dizer , portanto, que ele foi um dos primeiros “independentes” da música brasileira.
        De cara, “Jorginho do Sertão” e “Moda de Pião” desmentiram as previsões das gravadoras: em apenas 20 dias, o disco estourava com cinco mil cópias vendidas. Vitorioso, Cornélio passou a ser assediado por propostas tentadoras das mesmas companhias que antes o ignoraram. Não aceitou esses convites, decidido a continuar financiando seus discos. E sucederam-se as gravações: “Entre Alemão e Italiano”, “Anedotas Norte-americanas”, “Astúcias de Negro Velho”, “Rebatidas de Caipira”, “Numa Escola Sertaneja”, “Coisas de Caipira”, “Batizado de Sapinho”, “Desafio Caipira” e “Verdadeiro Samba Paulista”, grandes sucessos na época.
        De sucessos em sucesso, criou em 1946, o Teatro Ambulante Cornélio Pires, composto de dois carros, um com biblioteca e outro com discoteca para percorrer o interior paulista, onde se apresentava em praça pública.
Em 1948, recebia o patrocínio da Companhia Antártica Paulista, que distribuía bonés com sua marca  durante os shows de seu grande astro .
        Antes de morrer de um câncer na laringe , em 1958, Cornélio Pires pode se orgulhar por ter aberto caminho para os programas de música sertaneja nas rádios do país. Foi também a luz que indicou às gravadoras o novo e bem-sucedido caminho da música sertaneja. Uma dessas gravadoras, a RCA Victor, não demorou a formar a Turma Caipira Victor pra lançamentos exclusivos na área . E , no  ano mesmo de sua morte, Cornélio Pires saboreou mais uma vitória : a apresentação de um espetáculo caipira no Teatro Municipal de São Paulo, templo sagrado da música clássica. Era, já naquela época, o triunfo da música caipira , e de Cornélio Pires.
Museu de Tietê. Localizado no Largo São Benedito, 20, bem no centro da cidade, ao lado da Igreja centenária de São Benedito. O horário de funcionamento é das 9 às 11 h e das 13 às 17 h, de segunda a sexta-feira. Além de Cornélio, o museu abriga as obras de outros filhos importantes, como por exemplo, o famoso músico brasileiro Mozart Camargo Guarnieri, o historiador Benedicto Pires de Almeida, autor da Cronologia Tieteense, cobrindo o período de 1783 a 1978. O museu possui cerca de 2000 peças catalogadas, além de abrigar a biblioteca municipal.

DISCOGRAFIA e FILMOGRAFIA DE
CORNÉLIO PIRES
DISCOGRAFIA DE CORNÉLIO PIRES
Série Caipira “Cornélio Pires"
Gravadora Colúmbia

MAIO DE 1929
 - ANEDOTAS NORTE AMERICANAS e ENTRE ITALIANO E ALEMÃO - Anedotas - Cornélio Pires.
 - REBATIDAS DE CAIPIRAS e ASTÚCIA DE NEGRO VELHO - Anedotas - Cornélio Pires.
 - SIMPLICIDADE e NUMA ESCOLA SERTANEJA - Anedotas - Cornélio Pires.
 - COISAS DE CAIPIRA e BATIZADO DO SAPINHO - Anedotas - Cornélio Pires.
 - DESAFIO ENTRE CAIPIRAS e VERDADEIROS SAMBA PAULISTA - Turma Caipira Cornélio Pires.
 - ANEDOTAS CARIOCAS - Cornélio Pires.
-DANÇAS REGIONAIS PAULISTAS- Cana-Verde-Cururu - Turma Caipira Cornélio Pires.

OUTUBRO DE 1929
 - COMO CANTAM ALGUMAS AVES - Imitações - Arlindo Sant¢ Anna.
- JORGINHO DO SERTÃO - Moda de Viola - Mariano & Caçula (da Turma Caipira Cornélio Pires).
- A FALA DOS NOSSOS BICHOS - Imitações - Arlindo Sant'Anna.
- MODA DO PEÃO - Moda de Viola - Cornélio Pires e Turma Caipira Cornélio Pires.
-OS CARIOCAS E OS PORTUGUESES - Anedota - Cornélio Pires.
- MECÊ DIZ QUE VAI CASÁ - Moda de Viola -(de Nitinho Pinto) - C/ Zico Dias e Sorocabinha (da Turma Caipira Cornélio Pires).
- TRISTE ABANDONADO - Moda de Viola, com Zico Dias e Sorocabinha.
- NO MERCADO DOS CAIPIRAS - Anedota - Cornélio Pires.
 - AGITAÇÃO POLÍTICA EM SÃO PAULO e CAVANDO VOTOS - Anedotas - Cornélio Pires.

SEM DATA
 - UM BAILE NA ROÇA e UMA LIÇÃO COMPLICADA -Cornélio Pires & Arruda.
 - AS TRÊS LÁGRIMAS-(Declamação) - Campos Negreiros.
 -PUXANDO A BRASA - Anedota - Cornélio Pires & Arruda.
 - À MODA DA REVOLUÇÃO - Moda de Viola - Cornélio Pires e Arlindo Sant'Anna,
 - VIDA APERTADA - Anedota -Cornélio Pires & Arruda.
 - CATERETÊ PAULISTA- Cornélio Pires e Arlindo Sant'Anna.
 - NITINHO SOARES - Moda de Viola - Cornélio Pires, Mariano & Caçula (TCCP).
 - O BONDE CAMARÃO - Moda de Viola.
 - SÔ CABOCRO BRASILÊRO - Moda de Viola.
 - CP e Mariano & Caçula (TCCP).

ABRIL 1930
 - NAQUELA TARDE SERENA - Contra-Dança Mineira - CP, com Antônio Godoy e sua Mulher.
 - TOADA DE CURURU - Contra-Dança Paulista - CP, com Mariano & Caçula (TCCP).
 - SABIÁ ME FAIZ CHORÁ - Contra-Dança Mineira - CP, com Antônio Godoy e sua Mulher.
- A BRIGA DOS VÉIO - Moda de Viola - CP, com Mariano & Caçula (da TCCP).
- TRISTE APARTAMENTO - Moda de Viola Mineira, e PORFIANDO - Desafio, com Antônio Godoy e sua Mulher.
- BATE PALMA - Contra-Dança Mineira.
- NAS ASAS DE UM BEJA-FLÔ - Moda de Viola - CP, com A. Godoy e sua Mulher.
- TOADA DO CATERETÊ e TOADA DE SAMBA - CP, com Mariano & Caçula (da TCCP).
 - SITUAÇÃO ENCRENCADA - Moda de Viola.
- ESCOIENO NOIVA - Moda de Viola, com Caipirada Barretenses .

JUNHO DE 1930
- BIGODE RASPADO - Moda de Viola, com Mariano e Caçula (da TCCP).
- ESTRAGUEI A SAPAIADA - Anedota -CP.
 - A MINHA GARCINHA BRANCA - Toada - Com Antônio Godoy e sua Mulher.
- TOADA DE CANA-VERDE - Com Mariano e Caçula (da TCCP).
 - RECORTADO - Caipirada Barretense.
-  A FESTA DO GENARO - CP
 - UMA SESSÃO SOLENE e NAS TOURADAS - Anedotas -Cornélio Pires.

JULHO DE 1930
- O ZEPELIM - Moda de Viola.
- O SUBMARINO - Moda de Viola - CP com João Negrão.
 - CABOCLA MALVADA (Declamação) - Campos Negreiros.
- A PLATAFORMA DO PREFEITO - Anedota - Com Arruda.
 - MODA DO RIO TIETÊ- Moda de Viola - CP, com João Negrão.
- CORAÇÃO MAGUADO - Moda de Viola - Com A. Godoy e sua Mulher.
 - CAMPO FORMOZO - Moda de Viola - CP, com Antônio Godoy e sua Mulher.
- MODA DA MARIQUINHA - Moda de Viola - CP, com João Negrão.
 - O LEILÃO DAS MOÇAS - Moda de Viola.
- JARDIM FLORIDO - Moda de Viola - CP, com João Negrão.

AGOSTO DE 1930
 - A INCRUZIADA - Canção (de Angelino de Oliveira) - Com Maracajá e Os Bandeirante.
- BOIADA CUIABANA - Com José de Messias e Os Parceiros.
 - AGÚENTA MANECO - Com Maracajá e Os Bandeirantes.
- FOLIA DE REIS - Com Foliões do Zé Messias.
 - CANTANDO O ABOIO (de CP e Angelino de Oliveira) - Com Maracajá e Os Bandeirantes.
-TOADA DE MUTIRÃO - Com Zé Messias e Os Parceiros.
 - O CABOCLO APANHA e PASSA MORENA - Contra-Dança - Com Zé Messias e Os Parceiros.

SETEMBRO DE 1930
 - O JOGO DO BICHO - Moda de Viola, e ARMINDA - Com Mariano & Caçula.
 - O SALIM FOI NO EMBRULHO - Anedota - Com Luizinho.
- FUTEBOL DA BICHARADA - Moda de Viola - Com Mariano & Caçula.
 - MULHER TEIMOSA - Com Arruda.
-NOITES DE MINHA TERRA - Valsa - Com José Eugênio Campanha e Seu Quinteto.
 - CAIPIRA VELHACO - Anedota-Com Arruda.
-O SONHO DE MARIA - Valsa - José Eugênio e Seu Quinteto.
 - O MEU BURRO SAUDOSO - Moda de Viola.
- SERÁ OS IMPOSSÍVE - Com Mariano & Caçula (da TCCP).

OUTUBRO DE 1930
- SERENATA - Choro - Com Canário e Seu Grupo.
-QUANDO AS MISSES DESFILAVAM - Anedotas - Com Luizinho.
 - BEATRIZ - Valsa - Com Canário e Seu Grupo.
-O SALIM TOREADOR - Anedota - C/Luizinho


SEM DATA
 - GALO SEM CRISTA - Batuquinho do Norte - Com Bico Doce e Sua Gente do Norte.
- COMPARAÇÕES - Anedota -Cornélio Pires.
 - QUANDO O ZIDORO VORTÔ e OS DESCONTENTES -Anedotas - Cornélio Pires.
 - GAVIÃO DE PENACHO - Embolada.
-QUE MOÇA BONITA - Variação de Samba - Com Bico Doce e Sua Gente do Norte.
 - RECULUTANDO - Samba do Norte - Com Bico Doce e Sua Gente do Norte.
-BOM REMÉDIO - Anedota - Cornélio Pires.
 - O MEU VIVA EU QUERO DÁ - Moda de Viola.
- SE OS REVORTOSOS PERDESSE - Moda de Viola - Com Mariano& Caçula.
 - LEGIONÁRIOS, ALERTA! - Marcha - Com José Eugênio e Seu Grupo.
-QUI-PRO-QUÓ - Anedota - Cornélio Pires.
 - TRISTE ABANDONADO - Moda de Viola.
- MECÊ DIZ QUE VAI CASÁ - Moda de Viola - Com Zico Dias e Sorocabinha (da TCCP).
 - MODA DA REVOLUÇÃO - Moda de Viola.
-BIGODE RASPADO - Moda de Viola - CP e Mariano & Caçula.
 - VOU ME CASÁ COM CINCO MUIÉ - Moda de Violas .
- VANCÊ É UM PANCADÃO - Moda de Viola - Com a TCCP.

História da Gravação e Estudos da
Discografia de Cornélio Pires

"O diretor da Colúmbia - representante local da Byington & Company - era o americano Wallace Downey que mais tarde, em 1931, interessado pelo Brasil, seria o produtor do filme "Coisas Nossas". Ariowaldo Pires, o saudoso Capitão Furtado, sobrinho de Cornélio, era o intérprete (falava bem o inglês), de Downey Cornélio pediu ao sobrinho que lhe encaminhasse a Downey .Mas este só tratava da fase preliminar dos negócios da gravadora. Encaminhou Cornélio ao escritório do Dr Alberto Jackson Byington Jr, o proprietário da empresa. Propôs a gravação de anedotas e de músicas caipiras. Contou, o Capitão Furtado ao pesquisador Abel Cardoso Júnior que registrou no seu livro "Cornélio Pires, O Primeiro Produtor Independente de discos no Brasil" Fundação Ubaldino do Amaral, Sorocaba, 1986, que o empresário lhe disse: - Gravarem discos anedotas e violeiros? Isso é mais uma piada sua".
O escritor e pesquisador J. L. Ferrete no seu livro "Capitão Furtado - Viola Caipira ou sertaneja"?, tomando o depoimento de Ariowaldo Pires, registrou a resposta de Byington: - Não há mercado para isso, não interessa". Cornélio insistiu. "E se eu gravar por conta própria"? Aí Byington Jr tentou opor dificuldades: "Bem, nesse caso você teria que comprar mil discos. Quero dinheiro á vista, nada de cheque, e se o pagamento não for feito hoje mesmo, nada feito". Era uma forma, note-se, de descarte peremptório ou, em outras palavras, propostas de quem não quer mesmo fazer negócio".
"Cornélio Pires fez com Byington o cálculo de quanto custaria os mil discos e saiu. Foi á procura de um amigo seu na rua Quinze de Novembro (centro de São Paulo), um tal de Castro, e pediu-lhe o dinheiro emprestado. Retornou em seguida á sede da empresa e, entrando na sala de Byington Jr., jogou sobre a mesa deste, um grande pacote embrulhado em jornal. "O que é isso"?, perguntou-lhe Byington espantado. "Uai, dinheiro"! Você não queria dinheiro?, respondeu Cornélio. Byington abriu o pacote e não disfarçou o seu assombro: "Mas aqui tem muito dinheiro"! "E' que, ao invés de mil discos, eu quero cinco mil" explicou Cornélio Pires". Meio aturdido, Byington Jr tentou convencê-lo de que cinco mil era muita coisa, era "uma loucura". Naquele tempo não se faziam prensagens iniciais em tais quantidades nem para artistas famosos! Cornélio, porém, foi mais além do espanto em que deixou o dono da gravadora: "Cinco mil de cada, porque já no primeiro suplemento vou querer cinco discos diferentes e portanto são 25 mil discos".
Aqui há um engano, que quase todos os pesquisadores têm repetido. No primeiro suplemento saíram 6 discos diferentes. Em vez de 25 mil, foram lançados 30 mil discos, em Maio de 1929, segundo fontes concretas, prestadas pelo criterioso pesquisador o professor Nirez. A confusão se faz e é evidente que se faça, porque em Outubro de 1929, no segundo suplemento, é que Cornélio lançou 5 discos, com também cinco mil de cada, totalizando dessa forma, os 25 mil discos.
Fez o pagamento, pegou o recibo, e estabeleceram o seguinte contrato: os 30 mil discos, da primeira prensagem, teriam uma Série Especial sua, a "Série Cornélio Pires" partindo do número 20.000, com o selo vermelho, custariam 2 mil réis a mais do que os de Byington, e somente Cornélio poderia vendê-los. Acertadas as bases, Cornélio viajou a Piracicaba e de lá trouxe á Capital (com despesa paga) a sua "Turma Caipira", para participar das gravações, com três músicas.
Em 1927, a gravação elétrica chegava ao Brasil, facilitando as gravações. Não era mais preciso dar aquele berro, que o folclorista Paixão Cortês, tem mostrado nas suas palestras, das gravações da Casa A Elétrica, de Savério Leonetti (em 1914) em Porto Alegre. Agora (de 1926 em diante), já se podia gravar com voz normal.
A "Turma Caipira de Cornélio Pires"(em sua 1a. fase) era composta por Arlindo Santtana, Sebastião Ortiz de Camargo (o Sebastiãozinho), Zico Dias, Ferrinho, Mariano da Silva, Caçula e Olegário José de Godoy (o Sorocabinha)."
Mas depois de algumas décadas, a pesquisa e análise de seu segundo biógrafo Macedo Dantas, em "Cornélio Pires Criação e Riso"-(1976), o qual depois de minuciosamente apurar, chegou a conclusão de que a discografia mais precisa que obteve por intermédio do Capitão Furtado, foi a do musicólogo e pesquisador de Fortaleza, diretor do Museu Cearense de Comunicação, Miguel Ângelo Azevedo (Nirez), uma relação constante de todos os discos, dos quais falam Joffre Martins Veiga, Alceu Maynard Araújo e Dr. Oswaldo Estanislau do Amaral. Isto é, há divergências quanto ao número de discos levantados por eles, por exemplo: Joffre, menciona 100 ou 110, mas relaciona apenas 16 discos, já Alceu Maynard Araújo, mencionou em sua palestra, 108, mas relaciona apenas 48, dizendo que não conseguiu relacionar mais 6 discos, os quais não conseguiram encontrá-los. Então, certamente temos 48 discos garantidamente catalogados na Colúmbia. Isto não quer dizer que Cornélio e sua turma Caipira, não gravaram os 108 ou 110 discos já ditos por Joffre e Alceu. O que ocorre, ou ocorreu quando das pesquisas feitas pelos nobres estudiosos do assunto, é que já não encontravam na época em que pesquisavam ninguém que tivesse todos os discos de Cornélio, bem como, apesar de todos os esforços feitos por eles, colheram o que foi possível nos catálogos que ainda encontraram dos discos gravados pela Colúmbia, o que pode, pelo tempo, não ser a relação definitiva de sua discografia. Uma coisa é certa, Cornélio gravou apenas para a Colúmbia, para a Odeon, não. Aliás, Macedo Dantas nem sequer recebeu resposta da carta enviada á Matriz do Rio.
Por isso, em sua obra "Cornélio Pires - Criação e Riso"(1976), Macedo Dantas, na página 337, nos aconselhou na época, para que fôssemos cautelosos e que ficássemos por enquanto com os discos encontrados, que era e é um serviço notável ao Folclore Brasileiro. Ninguém está impedido de investir pesquisas sobre o assunto. Podem, os que assim desejarem, a partir de hoje.

Os dados acima, referentes aos discos lançados por Cornélio Pires, foram coletados no livro "Turma Caipira Cornélio Pires", da autoria de Israel Lopes, estudioso do assunto, editado na comemoração dos 70 anos da música sertaneja, em 1999. O autor diretor do Departamento de Letras do Centro Cultural de São Borja (RS) e é ligado à vários movimentos culturais gaúchos.


FILMOGRAFIA DE CORNÉLIO PIRES
Seu Interesse pelo Cinema, como surgiu?

Em 1922, um ano após publicar "Conversas ao Pé do Fogo", Cornélio esteve no Rio de Janeiro, onde se exibiu em algumas casas de diversões. E, ao apresentar-se num espetáculo beneficente na Associação Brasileira de Imprensa, logo após o encerramento, recebeu os cumprimentos do Maestro Eduardo Souto, santista de nascimento mas que fez carreira no Rio de Janeiro, tornando-se um dos maiores compositores populares de seu tempo, o qual convidou Cornélio para que formassem um grupo regional. Cornélio topou, e o grupo estreou no dia da inauguração do Palácio das Festas, nas festividades comemorativas ao Primeiro Centenário da Independência.
Encantado com o resultado das cenas que haviam filmadas, e terminados seus compromissos com o maestro Eduardo Souto, o nosso querido escritor retornou a São Paulo, onde uniu-se ao cineasta Flamínio de Campos Gatti, e já em 1923, juntos partiram para as filmagens ao Nordeste do Brasil.
Cornélio produziu então, dois filmes, ou melhor, dois documentários, "BRASIL PITORESCO" (1923) e "VAMOS PASSEAR" (1934). O documentário "Vamos Passear", segundo o escritor folclorista Piracicabano, Dr. João Chiarini afirmou em seu discurso em Tietê, na la. semana "Cornélio Pires" em 1959, trata-se do lº FILME SONORO feito de maneira INDEPENDENTE, conforme podemos constatar na Revista Sertaneja, ano II, nº 17, na página 20 da mesma.
Sobre os dois filmes de sua produção, e mais outros três extraídos de suas obras, os senhores leitores poderão obter maiores informações nas transcrições a seguir, da página 327, do livro "Cornélio Pires - Criação e Riso", de seu segundo biógrafo Macedo Dantas.

Filmes feitos por Cornélio Pires
1923 - Brasil Pitoresco
Documentário em colaboração com o cineasta Flamínio de Campos Gatti. Aspectos de cidades Brasileiras. Joffre dá a data de 1923 e Maynard a de 1922. Foi realmente feito em 1923. Em sua carta a B. J. Duarte, Joffre diz que a película foi "rodada em janeiro de 1923, por Flamínio Campos Gatti e pelo próprio Cornélio Pires, focalizando aspectos de Santos, Rio, Bahia e outros Estados do Norte e Nordeste". A seu pedido, foi o filme exibido em Tietê, em Julho de 1959, com geral agrado. Informa, finalmente, que a fita estava (em 1960, data da carta de Duarte) em poder da família de Cornélio Pires. Já naquela época o grande idealista e corneliano alertava que o "filme necessitava de alguns retoques, prejudicado pela ação do tempo". Apesar de minhas pesquisas, não o localizei.
1934 - Vamos Passear
Filme sonoro, produzido após ter feito pequenos documentários (creio que estes se perderam). Vamos Passear focaliza cenas do folclore paulista e nele tomaram parte violeiros, canta dores, sertanejos. Segundo Joffre (p.1 08), "provocou desencontrados comentários". Também não descobri quem o ajudou a realizar a fita sonora.

Filmes baseados nas historias de Cornélio Pires
1918 - Curandeiro
Roteiro extraído do conto Passe os Vinte (de Quem Conta um Conto...), filme rodado por Antônio Campos, com Sebastião Arruda como intérprete. Foi visto por Zico Pires em Tietê, no antigo Teatro Carlos Gomes. Esta informação foi colhida em Joffre (p. 108).

1970 – Sertão em Festa
Produzido pela Servicine, baseado na novela Sacrificados (Meu Samburá) e dirigido por Osvaldo de Oliveira. Os principais artistas foram Marlene Costa, Nhá Barbina, Francisco Di Franco, Tião Carreiro e Pardinho, Egidio Eccio e outros. O filme teve grande êxito. Nele tomaram parte catiteiros, violeiros, etc. A pré-estréia foi em Tietê, em benefício da Granja de Jesus.
1985 - A Marvada Carne
Pelo Cineasta André Klotzel, tendo ele se baseado mais principalmente na obra "As Estrambóticas Aventuras do Joaquim Bentinho, o Queima Campo" (1924), obra essa, á qual Cornélio Pires deu continuidade, concluindo e publicando em 1925.


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