Total de visualizações de página

Quer sua Biografia aqui = escreva a sua e envie pelo contato que se encontra em baixo. 

terça-feira, 19 de junho de 2012

Capitão Furtado 19/06/12

Capitão Furtado

"Passei a infância ouvindo a primeira geração da Música Sertaneja: Cornélio Pires, Capitão Furtado, entre outros. Eles são o facão, a enxada e a foice que abriu a picada" (comentário de Lourival dos Santos - excelente Compositor da nossa Música Caipira Raiz).
Sobrinho de Cornélio Pires, Ariowaldo Pires, o Capitão Furtado, também nasceu em Tietê-SP no dia 31/08/1907 e faleceu em São Paulo-SP no dia 10/11/1979; aos seis anos mudou-se juntamente com os pais para Botucatu-SP.
Tietê foi na verdade uma cidade do Interior Paulista que contribuiu bastante para a Boa Música Brasileira de um modo geral pois, além de Ariowaldo Pires e seu tio Cornélio, também em 1907 nasceu na mesma cidade o compositor erudito Mozart Camargo Guarnieri (além de trilhar pelos caminhos de composição de uma "Música Erudita Verdadeiramente Brasileira", como já tinha sido feito por Heitor Villa-Lobos, Camargo Guarnieri também foi pai do ator e teatrólogo Gianfrachesco Guarnieri). Tietê também nos deu o compositor Fernando Lobo, que ficou conhecido pelo pseudônimo de Marcelo Tupinambá (1880 - 1953); Fernando Lobo também já havia adotado os pseudônimos de Samuel de Maio e Pedro Gil, entre outros.

Enquanto Ariowaldo estudava o tio Cornélio já residia na "Terra da Garôa" e já estava se tornando conhecido pelos livros que escrevia e também pelas suas atividades como "militante caipira".
Ainda na adolescência, Ariowaldo captava o som das ruas em Botucatu-SP, onde os violeiros, tropeiros e seresteiros misturavam os sons rurais com os batuques e congadas dos Escravos que haviam acabado de conquistar a Liberdade.
Ariowaldo também conviveu com a estréia da famosa toada "Tristezas do Jeca" de Angelino de Oliveira, já que seu pai era zelador do Clube 24 de Maio no centro de Botucatu. Foi lá que, em 1918, quando o sobrinho de Cornélio Pires contava com seus 11 anos, o próprio Angelino de Oliveira apresentou a toada ao público pela primeira vez, a qual recebeu calorosos aplausos e foi "bisada" umas seis vezes!!
Em 1926, com 19 anos, um novo rumo: a Paulicéia Desvairada! A Capital Paulista, onde Ariowaldo passou a morar, trouxe novas oportunidades, algumas das quais inesperadas: pode ser citado, por exemplo, o curso de inglês (pois Ariowaldo visava melhores cargos no departamento de vendas da empresa onde trabalhava), que fez com que o Tio Cornélio (foto à esquerda) o convidasse para acompanhá-lo à gravadora Colúmbia. Apenas três meses do curso de inglês serviram para a intermediação das negociações com Wallace Downey, supervisor artístico da Colúmbia em São Paulo, onde foram feitas as gravações dos primeiros discos de música caipira em 1929, como foi mencionado na página dedicada ao Cornélio Pires.
Downey ainda convidou Ariowaldo para secretariá-lo e, como cinema fazia parte dos projetos da Colúmbia, em 1931 Ariowaldo foi assistente de produção do filme "Coisas Nossas" que contou inclusive com a participação de Jararaca e Ratinho, a famosa dupla que vivia no Rio de Janeiro (a dupla dos famosos shows que intercalavam música com bom humor - vale lembrar também que é composição de Ratinho o famoso chorinho "Saxofone, Por Que Choras?").
Prá não dizer que "não tocava nenhum instrumento musical", Ariowaldo tinha apenas algumas ligeiras noções, ou seja, "arranhava" o Violão. Mesmo assim, ele compôs um total superior a 1000 letras de músicas, segundo seu próprio depoimento, sendo que umas 350 foram gravadas. Espera-se portanto que "inéditos de Ariowaldo Pires" ainda passam ser gravados e lançados no mercado fonográfico, para que possamos conhecer melhor a riqueza musical por ele deixada.
Também foi coordenador do primeiro programa de calouros de que se tem notícia (o qual era apresentado na Rádio Cruzeiro do Sul em São Paulo-SP e também no Rio de Janeiro-RJ), programa esse que, dentre outros, nos revelou o famosíssimo "Poeta do Bexiga" João Rubinato, o Adoniran Barbosa.
Em 1934, Cornélio Pires já estava na Rádio São Paulo na Capital Paulista, com seus comentários bem humorados sobre fatos do cotidiano. Ariowaldo também já tinha adotado o pseudônimo de Capitão Prudêncio Pombo Furtado, ou simplesmente Capitão Furtado nome com o qual passou a assinar suas composições.
Além de querer evitar as inevitáveis comparações com o Tio Cornélio que tinha o mesmo sobrenome, Ariowaldo dizia que não poderia jamais menosprezar sua gente, escolhendo um "nome ridículo", por isso o nome "Capitão". Por outro lado, ele também escolheu"Furtado", de propósito, pois havia sido lesado quando da mudança de uma emissora de rádio para outra. Além disso, o próprio Capitão Furtado mencionou nos anos 70 que, quanto ao recebimento do pagamento dos Direitos Autorais, ele"não era furtado, mas furtadíssimo...".
Capitão Furtado também foi parceiro de Alvarenga e Ranchinho, dupla na época famosa pelos seus shows que alternavam piadas com música, a exemplo deJararaca e Ratinho. "Itália e Abissínia", "Horóscopo" e "Liga dos Bichos" são alguns exemplos de excelentes composições da famosa parceria. Por sinal, o divertido e bem humorado diálogo que o Apreciador ouve ao acessar essa página é entre o Capitão Furtado e Os Milionários do Riso, na introdução à gravação de "Liga dos Bichos".
Além de Alvarenga e Ranchinho, também foram parceiros de Ariowaldo Pires, dentre outros, os compositores Marcelo Tupinambá (também Tieteense como Ariowaldo e seu tio Cornélio), João Pacífico,Raul Torres, Laureano, Nhô Pai, Palmeira, Piraci,Moreno, Roberto Stanganelli, Tonico e Tinoco e muitos outros.
E não foi só na Música Caipira que Ariowaldo deixou sua maravilhosa Herança Musical: em parceria com Henrique Simonetti compôs a marcha "Brasília, Capital da Esperança" considerada como o Hino da Capital Federal!
Em 1939, Capitão Furtado já estava na Rádio Difusora de São Paulo, com seu programa "Arraial da Curva Torta" nas tardes de Domingo. Este programa permaneceu no ar durante 12 anos e nesse período revelou-nos diversos talentos, dentre os quais as irmãs Rosalinda e Florisbela (a famosíssima apresentadora Hebe Camargo e sua irmã Estela), além do acordeonista"Italiano Naturalizado Caipira" Mário Zan e do sambista Blecaute. Vale lembrar que Blecaute (Black-Out) também foi um apelido sugerido ao sambista pelo Capitão Furtado, "criticando" os racionamentos de energia que eram comuns no Brasil durante a segunda guerra mundial.
Também não podemos deixar de destacar osIrmãos Péres (foto à direita - 1944), recém chegados do Interior e que alcançaram no "Arraial da Curva Torta" uma popularidade sem precedentes até então: tratava-se de um concurso para a contratação de novos violeiros para o programa, quando a nova dupla, disputando com mais 32 violeiros um emprego na emissora (para ocupar a vaga deixada pela dupla palmeira e Piraci a qual havia pedido demissão e ido para outra emissora), interpretou a composição de Raul Torres e Cornélio Pires "Adeus, Campina da Serra". Após um caloroso aplauso de mais de 3 minutos (segundo fontes de informações foram realmente cronometrados 190 segundos), os Irmãos Péres conseguiram o novo emprego.
Após ganhar o concurso, Capitão Furtado levou os Irmãos Péres à Colúmbia, onde gravaram o primeiro disco em 1944 com a música "Em Vez de Me Agradecê" de autoria de Capitão Furtado, Jaime Martins e Aimoré.
Como já foi mencionado na página dedicada ao Cornélio Pires, foi também o Capitão Furtado que sugeriu aos Irmãos Péres um novo nome "mais Brasileiro e menos Espanhol"para a dupla que, desde os primeiros discos já começava a fazer sucesso com esse novo nome: Tonico e Tinoco o Capitão Furtado sugeriu aos Irmãos Perez que "batizassem" a nova Dupla com o nome Tonico e Tinoco!
Ainda nos tempos do "Arraial da Curva Torta", Tonico e Tinoco já tinham ganho o codinome de "A Dupla Coração do Brasil".
Ainda entre as primeiríssimas gravações da Dupla Tonico e Tinoco, merece destaque a Moda de Viola "No Sertão do Laranjinha" que é uma adaptação do folclore feita por Capitão Furtado, Tonico e Tinoco. Esta Moda de Viola foi gravada pela primeira vez em 1945 pela Dupla Coração do Brasil juntamente com o Capitão Furtado. Uma gravação posterior feita por Tonico e Tinoco em 1972 foi aproveitada para a trilha sonora do filme "O Menino Jornaleiro" em 1982.
Capitão Furtado também foi coordenador do gênero Música Sertaneja na "Enciclopédia Musical Brasileira" de 1975 a 1977.
E, quando contava 72 anos, o Capitão Furtado, que foi um dos compositores mais gravados na História da Música Brasileira, deixou este mundo após um ataque cardíaco fulminante em 10/11/1979. Pouco tempo antes, ele ainda havia recebido uma homenagem pelos seus 50 anos de atividades e havia viajado para o Paraguai, contratado pelo Banco do Brasil para iniciar uma pesquisa sobre a música daquele país que ele tão bem conhecia, pois além de Guarânias para as quais já havia composto versões em português ("Noches del Paraguay" de Pedro J. Carlés e Samuel Aguayo, apenas para citar um exemplo), também já havia visitado o país na década de 40 em companhia de Mário Zan.
Ariowaldo Pires, ou como ele mesmo se auto-denominou, Capitão Furtado foi realmente o grande paladino entre os maiores incentivadores da Viola Caipira, e seguiu o caminho experimentado por seu tio Cornélio Pires - o Rádio e o Disco, que eram novíssimos no final de década de 20 e início da década de 30 - enfrentando os preconceitos culturais que sempre existiram, mas que jamais fizeram sucumbir esse divulgador ferrenho do "caipirismo".
Recomendo aqui o CD "Ao Capitão Furtado - Marvada Viola", lançado em Vinil em 1986 e, para nossa felicidade, remasterizado recentemente em CD pela Atração Fonográfica, fazendo parte da Série "Acervo FUNARTE - Música Brasileira" e com participação de Sivuca,Rolando Boldrin, Roberto Corrêa, João Lyra, Adelmo Arcoverde, Zé Mulato e Cassiano. Apesar do "pequeno defeito" de conter alguns "pot-pourris" na seleção musical, é bastante agradável a declamação do Poema "Fim do Mundo" de autoria do Capitão Furtado na voz "com o tão característico sotaque" de Rolando Boldrin.
As informações contidas no texto dessa página são originárias dos Livros "Música Caipira - Da Roça Ao Rodeio" escrito por Rosa Nepomuceno - Editora 34 - e "Enciclopédia Das Músicas Sertanejas" escrito por Ayrton Mugnaini Jr. - Editora Letras & Letras - 2001 - além do Encarte do CD "Ao Capitão Furtado - Marvada Viola",

Nhô Belarmino e Nhá Gabriela

Salvador Graciano, o Nhô Belarmino, nasceu num lugarejo chamado Santaria, pertencente a Rio Branco do Sul-PR no dia 04/11/1920 e faleceu em Curitiba-PR no dia 20/06/1984.

Sua esposa Júlia Alves Graciano, a Nhá Gabriela, nasceu em Curitiba-PR no dia 28/07/1923 e faleceu também em Curitiba-PR no dia 28/03/1996.
Salvador começou bem cedinho: com apenas oito anos de idade, já gostava de cantar e alegrar a vizinhança contando anedotas. Sendo de família de músicos, Salvador Graciano aprendeu tocar diversos instrumentos musicais, dentre eles, a Viola e a Gaita (Pequeno Acordeom) de Oito Baixos.
Foi aos 14 anos de idade que Salvador adotou o nome artístico de Nhô Belarmino por ser, segundo ele, "um nome exótico e gozado".

E em 1935, aos quinze anos de idade, ele costumava se apresentar juntamente com sua irmã Pascoalina em festinhas nas redondezas de seu Rio Branco do Sul natal.

Era a dupla "Nhô Belarmino e Nhá Quitéria", que permaneceu ativa durante quatro anos.

Com o casamento da irmã Pascoalina, o marido não quis que ela continuasse com a carreira artística e, conseqüentemente a dupla se desfez.
Sua primeira composição foi "Linda Serrana" (Nhô Belarmino), em 1936, quando contava 16 anos de idade. Nessa época, Nhô Belarmino integrava o regional da PRB2, a Rádio Clube Paranaense; esse conjunto acompanhava os cantores que na época se apresentavam ao vivo na renomada emissora.
Em 1939 (após a separação da dupla "Nhô Belarmino e Nhá Quitéria"), Nhô Belarmino formou uma dupla com Chiquinho Montalto, dupla essa que participou de diversos programas na Rádio Clube Paranaenses. E foi nessa famosa emissora de Curitiba-PR que Nhô Belarmino conheceu Júlia Alves, que veio a ser sua esposa em 23/12/1939 e com quem também formou a dupla "Nhô Belarmino e Nhá Gabriela", que veio a ser a mais famosa e representativa Dupla Caipira Raiz do Estado do Paraná.
Tudo aconteceu por volta de 1937, quando Júlia trabalhava numa fábrica de tecidos na Capital Paranaense. Numa tarde, quando o material de confecção havia se acabado, as funcionárias haviam sido dispensadas mais cedo.

Resolveram então acompanhar uma colega de trabalho num ensaio na Rádio Clube Paranaense, já que ela participava de um programa de calouros. Chegando à emissora, Júlia conheceu Salvador e iniciaram o namoro que resultou no casamento que durou 45 anos, com os filhos: Clóris, Ivan e Rui.
"Nhô Belarmino e Nhá Gabriela" iniciaram profissionalmente em meados de 1940 quando Nhô Belarmino promoveu um show no bairro de Santa Cândida.

Nesse dia havia chovido bastante e os outros artistas da equipe não puderam chegar ao local.

Como a chuva, no entanto, foi passageira, o povo compareceu e lotou o salão.

Bilheteria aberta, público chegando, ingressos que não podiam ser devolvidos... E os artistas não chegavam! Então Júlia mais algumas primas e amigos resolveram improvisar: uns declamavam, outros contavam piadas e Nhô Belarmino cantava.
E em dado momento Júlia e Salvador resolveram cantar juntos o famosíssimo valseado "Cavalo Zaino" (Raul Torres). E agradaram de tal maneira que foram convidados a fazer outras apresentações em outros dias! Nascia então, quase que por acaso, a dupla "Nhô Belarmino e Nhá Gabriela".
Nhô Belarmino "batizou" a esposa e companheira de dupla com o nome artístico de Nhá Gabriela em homenagem a uma tia dele que apreciava bastante a Música Caipira.
Em 1942, acompanhados por Nhô Dito (Chiquinho Montalto), Júlia e Salvador formaram o "Trio Caipira" que estreou nesse mesmo ano com bastante sucesso na PRB-2, a Rádio Clube Paranaense.
Em 1948 transferiram-se para a ZYM-5 Rádio Guairacá permanecendo nessa emissora por mais de 20 anos, animando diversos programas de auditório.

Nessa época, músicas como "Passarinho Prisioneiro" (Luiz Vieira Filho - Nhô Belarmino) e "Linda Serrana" (Nhô Belarmino) passaram a ser conhecidas e cantadas por seus ouvintes.
Com o sucesso alcançado no Estado do Paraná, Nhô Belarmino e Nhá Gabriela tornaram-se famosos em vários locais do Brasil.

A dupla chegou a trabalhar por um ano na Rádio Gaúcha em Porto Alegre-RS, e também por vários meses na Rádio Guanabara (hoje Bandeirantes) no Rio de Janeiro - RJ, além de vários programas na Rádio Bandeirantes de São Paulo-SP, dos quais também participaram.
Nhô Belarmino e Nhá Gabriela gravaram o primeiro disco em 1953, na RCA-Victor (hoje BMG), com as músicas "Linda Serrana" (Nhô Belarmino) e "Parabéns Paraná" (Nhô Belarmino - Pereirinha).

Essa gravação fez parte das comemorações do Centenário de Emancipação do Estado do Paraná.
E, nos demais discos que se seguiram, Nhô Belarmino gravou cantando em dupla com sua esposa e também solando o Acordeom, em composições tais como "Dançando Descalço" (Nhô Belarmino), "Brincando com Oito Baixos" (Nhô Belarmino), "Mocinhas da Cidade" (Nhô Belarmino), "Paranaguá" (Nhô Belarmino), "Mocinhas do Sertão" (Nhô Belarmino), "Passarinho Prisioneiro" (Luiz Vieira Filho - Nhô Belarmino), "Defendendo O Meu Sertão" (Nhô Belarmino), "Moreninha do Vanerão" (Lord Wilson - Ubiratan), gravações que foram sucesso não só em Curitiba-PR e Região, mas também em todo o Brasil.
O primeiro LP da dupla foi gravado em 1961 pela RCA-Camdem (hoje BMG). E, ao longo da carreira, Nhô Belarmino e Nhá Gabriela gravaram 17 Discos 78 RPM, 3 Compactos (Vinil) e 11 LPs, sendo que Nhô Belarmino foi compositor de cerca de 99% das músicas gravadas pela dupla.
Nhô Belarmino teve diversos parceiros na composição, destacando-se dentre todos, o amigo Moacyr Ângelo Lorusso. Compositor incansável, Nhô Belarmino estava sempre compondo alguma coisa.

Foi nesse mesmo ano de 1953 que veio o estrondoso sucesso do "Passarinho Prisioneiro" (Luiz Vieira Filho - Nhô Belarmino).

E em 1959 veio a consagração definitiva no cenário musical brasileiro com a gravação do famosíssimo clássico "As Mocinhas da Cidade" (Nhô Belarmino), cujo sucesso rendeu a dupla diversas viagens pelos mais diversos Estados Brasileiros em shows e apresentações que foram memoráveis.
Além das gravações em disco e das participações em programas na Rádio Guairacá e na Rádio Clube Paranaense, em companhia de seus filhos Cloris e Ivan, Nhô Belarmino e Nhá Gabriela também apresentaram na TV durante vários anos o programa "Minha Palhoça" e também o "Rancho de Belarmino e Gabriela", programas nos quais eles se apresentavam com diversas duplas paranaenses, tais como "Nascimento e Zeloni",
Mensageiro e Mexicano, "Leonel Rocha e Campos", além de outras duplas já consagradas em todo o Brasil, tais como Tonico e Tinoco e Léo Canhoto e Robertinho.
O casal também se apresentou em diversos circos e teatros na Capital Paranaense, e também no Interior do Estado, além dos Estados de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. "Passarinho Prisioneiro" (Luiz Vieira Filho - Nhô Belarmino) e "Mocinhas da Cidade" (Nhô Belarmino) são sem dúvida os maiores exemplos do seu sucesso no Paraná e em todo o Brasil.

"Mocinhas da Cidade", por sinal, foram gravadas por inúmeros intérpretes, inclusive pelo cantor "luso-brasileiro" Roberto Leal, além da belíssima gravação de
Pena Branca, no CD "Semente Caipira", gravado na Kuarup Discos, que foi por sinal o primeiro CD que Pena Branca gravou após o falecimento do seu irmão e companheiro Xavantinho.
Lamentavelmente, a Kuarup Discos se viu obrigada a encerrar suas atividades, no início de 2009, após mais de 30 anos de Excelente Atividade... Resta-nos a esperança de que esse Acervo Musical não seja perdido e que os respectivos CD's e DVD's sejam adquiridos por outra Gravadora/ Produtora o mais breve possível, retornando assim aos catálogos de vendas.
De acordo com Ubiratan Lustosa, Estudioso do Rádio no Estado do Paraná, em sua excelente
História do Rádio Paranaense, "Na vida particular, Salvador e Júlia eram um casal unido, simpático, simples, que gostava de receber os amigos em suas casas em Curitiba-PR e na litorânea cidade de Matinhos-PR".
Após vários anos de sucesso, um derrame cerebral vitimou Nhô Belarmino na década de 1980 e interrompeu a carreira musical e as apresentações da dupla.
Rolando Boldrin convidou Nhô Belarmino para participar do seu programa e cantar Passarinho Prisioneiro" (Luiz Vieira Filho - Nhô Belarmino), música que há mais de 30 anos atrás já tinha uma Mensagem Ecológica e da qual o criador do inesquecível "Som Brasil" era fâ desde criança.
Nhô Belarmino, sem ensaio e há vários dias sem exercitar a voz, não queria interpretar o "Passarinho Prisioneiro". Seu filho, o Acordeonista Ivan Graciano, também compositor, explicou ao Rolando Boldrin sobre o problema de saúde de seu pai.

Rolando pediu então que Nhô Belarmino cantasse uma musica mais simples; e o próprio Rolando Boldrin decidiu ele mesmo interpretar o "Passarinho Prisioneiro, até que Nhô Belarmino também começou a cantar junto com o Rolando...··... você não sabe o bem que fez a meu pai... Foi o que Ivan Graciano disse depois ao "Cantadô" Rolando Boldrin.
Foi no ano de 1983 a última gravação de Nhô Belarmino cantando, quando ele regravou "As Mocinhas da Cidade" no álbum "Curitiba Cidade da Gente".

Pouco tempo depois, em seu último trabalho, ele participou de um Compacto Simples (Vinil) apenas tocando; quem cantou no compacto Salve, Salve Paraná e
"Moro Lá foi sua esposa Nhá Gabriela.
E no mês de Junho de 1984, Jurandir Ambonatti organizou diversos espetáculos comemorativos dos 60 anos da Rádio Clube Paranaense.

A convite do radialista Léo Pereira, genro de Nhô Belarmino e Nhá Gabriela, eles estiveram presentes no antigo Ginásio do Clube Atlético Paranaense, completamente lotado.
Nhô Belarmino subiu ao palco conduzido numa cadeira de rodas. Ao lado de Nhá Gabriela, ele resolveu cantar e foi entusiasticamente aplaudido, tendo sido talvez uma das maiores ovações de sua carreira artística.
Com esse novo alento, Nhô Belarmino chegou a pensar em retornar aos palcos.

Mas foi a última apresentação, pois ele faleceu poucos dias depois, nesse mesmo ano de 1984.

Alguns anos depois, Nhá Gabriela, incentivada pelos familiares, voltou a cantar, tendo feito dupla com seu filho Ivan Graciano, até o dia em que ela também adoeceu vindo a falecer, em 1996, 12 anos depois de seu esposo Nhô Belarmino.
Riachão e Riachinho.

Vitório Cioffi, o Riachão, nasceu em 1934; Orlando Cioffi, o Riachinho, nasceu em 1937, ambos na Fazenda Quincas Dias do fazendeiro Joaquim Dias, no município de Jimirim - MG, lugarejo anteriormente conhecido como Machadinho, hoje em dia, Poço Fundo.
Vitório e Orlando vieram de uma Família de bastante Riqueza Musical e Folclórica, com cinco irmãos cantadores: as duplas "Riachão e Riachinho",Moreno e Moreninho (Pedro e João Cioffi) e também o Catireiro (Omero Cioffi) que, além de apresentar alguns programas regionais de TV, também integrou a dupla "Batipé e Catireiro".
"Riachão e Riachinho" gravaram o primeiro disco 78 RPM no ano de 1955, na gravadora Colúmbia (Nº CB-10219), tendo no Lado A a toada "Despedida" (Priminho - Nhô Zé) e, no Lado B, a moda de viola "Castigo de Santos Reis" (Moreninho - Roque José de Almeida).
No mesmo ano, a dupla gravou o segundo disco 78 RPM, também na Colúmbia (Nº CB-10231), tendo no Lado A, a moda de viola "Boi Assombração" (Teddy Vieira - Zico) e, no Lado B, o cururu "Índio Paulistano" (Teddy Vieira - Lourival dos Santos - Piraci).
Em 1956, "Riachão e Riachinho" gravaram o terceiro disco 78 RPM, também na Colúmbia (Nº CB-10241), tendo no Lado A o hino "Ave Maria" (Teddy Vieira - Aldny Faya) e, no Lado B, a moda de viola "Mutirão do Italiano" (Teddy Vieira - Aldny Faya).
No mesmo ano, a dupla gravou o quarto disco 78 RPM, também na Colúmbia (Nº CB-10276), tendo no Lado A a moda-catira "Cuiabano Araçá" (Teddy Vieira - Mineiro) e, no Lado B, o cateretê "Catira da Ventania" (Riachão - Riachinho) (a Música cujo trecho o Apreciador ouve ao acessar essa página).
A dupla lançou mais dois 78 RPM pela Colúmbia em 1957: o disco Nº CB-10330, tendo no Lado A a toada "A Sanfoneira" (Teddy Vieira - Silvio de Toledo ) e, no Lado B, o cururu "Folião Conquistador" (Roque José de Almeida - Compadre Zé Tomé - Osvaldo Aude), e o disco Nº CB-10341, tendo no Lado A a toada "A Vida do Aleijadinho" (Ado Benatti - Carijó - Sebastião Pauletti) e, no Lado B, a moda de viola "Namoro de Hoje" (Riachinho - Roque José de Almeida - Emílio Gimenez).
E, após esses seis discos 78 RPM, a dupla, por motivos particulares, ficou algum tempo sem gravar, retornando ao disco em Dezembro de 1963, com o lançamento do 78 RPM Nº CH-10388, pelo Selo Sertanejo, tendo no Lado A o relançamento da moda de viola "Namoro de Hoje" (Riachinho - Roque José de Almeida - Emílio Gimenez) e, no Lado B, a valsinha "Mulher Honrada" (Riachão - Riachinho - Mariano).
E, em Agosto de 1964, "Riachão e Riachinho" gravaram, também pelo Selo Sertanejo, o 78 RPM Nº CH-10426, tendo no Lado A o relançamento da moda de viola "Mutirão do Italiano" (Teddy Vieira - Aldny Faya) e, no Lado B, o rasqueado "Meu amor" (Riachão - Riachinho).
Ao que consta, a dupla "Riachão e Riachinho" gravou somente 16 Músicas, nesses oito discos 78 RPM. Merece destaque, no entanto, o sucesso que eles fizeram também como Compositores, com a congada "Treze de Maio" (Teddy Vieira - Riachão - Riachinho), que foi gravada pelos seus irmãos Moreno e Moreninho no Lado A do disco 78 RPM Nº CB-10294, na gravadora Colúmbia, em 1956.
Outro grande destaque na Composição é a belíssima "A Marca da Ferradura" (Lourival dos Santos - Riachão), gravada por Tonico e Tinoco e também por Lourival dos Santos, Miranda e João do Rio (em participação especial no CD "Caipirarte" de Célia e Celma).
Visitando Aparecida-SP, podemos ver a "Pedra Com A Marca Da Ferradura" e constatar o fato narrado, apesar de que a História é um pouco diferente do que diz a letra da Música composta por Lourival dos Santos e Riachão, não desmerecendo, porém, o belíssimo Valor Poético e Musical da mesma.
“Em 1866, um fazendeiro não acreditava nos milagres de Nossa Senhora Aparecida e dizendo que entraria a cavalo na Igreja. Chegando um dia em Aparecida, pensou em praticar tal façanha, mas a ferradura do cavalo cravou-se na pedra do primeiro degrau, na entrada da Igreja, de modo que o animal não podia mais erguer as patas.
Reconhecendo seu erro, desce do cavalo, entra na Igreja de mãos postas e pede a Nossa Senhora Aparecida que o perdoe, passando a acreditar em seus milagres e em seu grande poder."
E Riachinho gravou no ano de 2004 o CD "Sonho Realizado" pela Discos Chororó ( , com regravações de alguns sucessos de Riachão e Riachinho, tais como "Mutirão do Italiano" (Teddy Vieira - Aldny Faya) e "Meu amor" (Riachão - Riachinho), além de clássicos da Música Caipira Raiz tais como "Chalana" (Mário Zan - Arlindo Pinto), "Destinos Iguais" (Ariowaldo Pires - Laureano) e "Cabocla Tereza" (João Pacífico - Raul Torres).
Riachão também chegou a atuar como Humorista no programa de TV que era apresentado pelo Catireiro, programa que já contou inclusive com a participação de "Morena e Moreninho", dupla formada por Ivone Cioffi e seu pai, o Moreninho , dupla essa que reviveu a Memória Musical da inesquecível dupla Moreno e Moreninho, após o falecimento do Moreno, em 1995. E, Riachão, além de tio, é também Padrinho de Batismo de Ivone "Morena" Cioffi!
Atualmente, Riachão mora em Poços de Caldas-MG, onde fundou a "Orquestra Paisagem do Sertão" composta por 16 Violeiros e da qual "Morena e Moreninho" também participaram em uma das apresentações que teve lugar no Coreto Central em Poços de Caldas-MG.
Riachinho partiu recentemente para o "Andar de Cima". Dos cinco irmãos, permanecem vivos e "na estrada" Riachão e Catireiro, já que o Moreno faleceu no dia 14/12/1995 e o Moreninho faleceu no dia 23/04/2008.













































































Nenhum comentário:

Postar um comentário