Os irmãos José Lucas de Ângelo, o
Lucas e Josué de Ângelo, o Luan, nasceram na fazenda Santa Terezinha, município
de Guará, interior de São Paulo e mesmo trabalhando na roça, sempre gostaram de
cantar, mas viver de música era impossível, pois eles tinham que ajudar no
sustento da família.
Mesmo assim, sempre que podiam
participavam e ganharam muitos festivais, alguns bastante importantes como o
Festival Mobral que deu um impulso na carreira da dupla.
Nessa época chegaram a gravar
alguns trabalhos regionais, mas sem empresário e gravadora não dava para
disputar mercado em pé de igualdade com outros artistas e por isso não dava
para deixar de lado a vida que tinham para se dedicarem exclusivamente à
carreira
Mas como a música sempre falou alto
no coração dos dois, um dia eles resolveram acreditar no talento que todos
diziam que tinham.
Em 79 saíram da fazenda e se
mudaram para Guará, onde ficaram por dois anos e deram os primeiros passos na
carreira, mas, como precisavam alçar vôos mais altos, em 81 escolheram
Sertãozinho, cidade maior e de onde poderiam se deslocar com mais facilidade e
trabalhar melhor o nome da dupla.
Mesmo cantando na noite sertanezina
e fazendo alguns shows pela região, eles tinham outras profissões de onde
tiravam sustento da família.
Luan era instrutor de auto-escola e
Lucas foi tapeceiro, depois trabalhou em uma loja de discos.
Em 1992 com apoio do publicitário
Éder Bitar que os apresentou ao Dú Tintas, empresário na cidade de Ribeirão
Preto, a carreira deu uma guinada e puderam viver só da música.
Nessa época eles gravaram; Eu só
penso em você, uma versão de Always on my mind e estouraram em Minas Gerais , Goiás e
interior de São Paulo, passando a ser bem tocados em rádios e vendo a agenda de
shows crescer a cada dia. Foi a partir dessa época que eles passaram a se
considerar profissionais, artistas mesmo.
Afinal podiam realizar o sonho de
viver exclusivamente de sua carreira artística.
Outro amigo que sempre os apoiou
foi Léo Oliveira, locutor e radialista que já se destacava na região e deu
suporte para que os irmãos lançassem o próximo disco, do qual fazia parte o
sucesso Horizonte Azul, que ficou entre as mais pedidas em 96.
O sucesso foi tanto que um tempo
depois Leandro e Leonardo a regravaram. Lucas costuma dizer que ele só não
compôs esse sucesso porque não era a hora, mas foi ele quem deu todas as
coordenadas para os compositores, dizendo inclusive que teriam que seguir o
estilo rap.
A partir daí, a dupla, que já vinha
colhendo os frutos do sucesso, passou a ser destaque no cenário sertanejo e a
fazer shows de norte a sul do Brasil. Por onde passavam deixavam amigos, que
mantém, especialmente nas emissoras de rádio e TV.
Depois disso, a veia de compositor
saltou e aí não teve mais jeito, vieram sucessos como Amor Pirata, O amor fala
mais alto, ambas em 96. Já em 97 foi a vez de Solidão e, em 98 Lucas e Luan
compuseram e gravaram o grande sucesso Mexe que é bom, o que os deixou mais
conhecidos por todo o país, inclusive fazendo com que os dois participassem de
programas de TV em nível nacional. Esse sucesso fez com que a música chegasse
até a dupla Zezé de Camargo & Luciano que a regravou em 99.
Daí pra frente não pararam mais,
tanto como cantores, quanto como compositores, com músicas encomendadas por
nomes como Bruno e Marrone, Daniel, Gian & Giovani, Pedro e Tiago,
Guilherme e Gustavo e que viraram sucesso, dentre elas estão arrasta - pé
eletrônico, Bebedeira, Tá liberado, Sertanejo de coração, Na última hora, Fala,
fala.
Os irmãos hoje se consideram
realizados com 8 discos e um DVD gravado em Sertãozinho em um show de pura
emoção que reuniu quase 40 mil pessoas e teve a participação de Rio Negro e
Solimões, Teodoro & Sampaio, Guilherme e Santiago e Joanna.
O show teve ares de mega-produção,
algo que dificilmente é encontrado em cidades fora do eixo das capitais.
A estrutura montada para a gravação
deixou todos bastante impressionados com o começar pelo palco, o mesmo do Rock
in Rio que tem 20m x 19m de área que foi muito bem aproveitado com a banda
formada com 13 músicos entre bateria, metais, backing vocais, acordeom,
guitarras, baixo, teclado e percussão. Dentre os músicos um dos destaques foi o
percussionista Laércio.
No projeto de iluminação do palco
foram utilizados 72 movies de última geração, vários leads que fizeram parte do
cenário, além dos equipamentos tradicionais.
Para acompanhar a qualidade de
palco, o projeto de som não poderia ser relegado a segundo plano.
E a empresa escolhida foi a Gabi
Som que colocou equipamento para 50 mil pessoas.
A gravação por sua vez, também
primou pela qualidade e foram usadas 8 câmeras, inclusive uma aérea, colocada
em um helicóptero.
A Direção Musical do show ficou por
conta da dupla que contou com produção e Direção de Santiago Ferraz, liderando
uma equipe com os melhores profissionais de cada área.
E já que falamos em emoção, outra
que faz parte da vida deles e sempre que podem os dois fazem questão de contar
é a estória que aconteceu quando estavam viajando em turnê. Eles fizeram
uma parada em um posto de estrada e o proprietário do lugar fez questão de
contar a seguinte pérola: “a música de vocês é muito boa e pega mesmo. Até meu
papagaio tá cantando Horizonte Azul”.
Por essas e outras podemos afirmar
que eles são o verdadeiro exemplo de que se pode vencer pelo carisma,
profissionalismo e humildade, e que nem sempre o dinheiro consegue comprar o
talento.
Mas nem sempre foi assim.
Os irmãos por um bom tempo sentiram
o preconceito na pele. Tudo por causa do problema de saúde que Luan teve quando
criança. Aos 6 anos Luan começou ter um inchaço no lado esquerdo do rosto que
não cedia com os medicamentos tradicionais.
Nessa época Leonel Mafud,
proprietário da fazendo em que moravam levou o garoto para Ribeirão Preto, onde
morava, e na cidade começou uma verdadeira peregrinação por profissionais da
odontologia, procurando resolver o problema.
Nessa época encontraram um osso
trincado no maxilar e partiram para a colocação de um aparelho ortodôntico, que
só veio piorar o caso
“Se fosse hoje, com os recursos da
medicina, uma pequena raspagem resolveria o problema”, conta Luan
Depois de muitos exames eles
chegaram ao Hospital das Clínicas do Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo, em Ribeirão e um dos médicos, o Professor Dr. Mascarenhas,
impressionado com o que viu e com a gravidade do caso, não deu muitas
esperanças à família, mas iniciou os estudos do caso até chegar ao diagnóstico:
o garoto sofria de ostiomielite.
A partir daí Luan passou por
inúmeros tratamentos e até hoje já fez por 11 cirurgias para correção do
maxilar e da face.
“Na época em que fazia o
tratamento, os médicos não acreditavam que o Luan pudesse sobreviver que dirá
cantar”.
“Hoje ele está aí pra provar que a
gente não deve nunca perder a esperança”, comenta o irmão
Biografia enviada por André
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