Ramiro Vióla e
Pardini:
“Nó is é
Caipira, nó is atola, patina... mais não incáia”.
Ramiro Vieira de Andrade, também "nasceu naquela
serra" em Botucatu-SP no dia 25/04/1953 na Fazenda Boa Vista situada entre
Pardinho-SP e Botucatu-SP, bem na encosta da Serra.
Filho do Sr. Eduardo Vieira de Andrade e de Dona Maria Teresa
Janes de Andrade, Ramiro é o terceiro filho entre sete irmãos e, ainda criança,
mudou-se para a Fazenda Santo Antônio no Município de Itatinga - SP.
Como se sabe, era difícil aquela vidinha lá na roça e o único
divertimento era cantar e tocar Viola. Desta forma, Ramiro começou bem cedo o
desenvolvimento de seu gosto e de seu talento musical, pois seu pai, Eduardo
levava-o às Rodas de Viola que varavam as madrugadas nos fins de semana na
região.
Ramiro também foi influenciado pelos programas sertanejos nas
diversas emissoras de rádio que apresentavam as Duplas Caipiras de maior
sucesso na época. Eram famosos os locutores como Edgard de Souza, Zé Russo,
Geraldo Meireles, Carlos Alberto e também o famosíssimo Zé Béttio, entre
outros.
Na época, o Circo ainda levava às cidades interioranas não só
o espetáculo circense propriamente dito, mas também uma grande variedade de
shows e, quando um deles chegava a Itatinga - SP, lá estava "Seu"
Eduardo juntamente com o pessoal da fazenda numa carreta de trator, numa
charrete ou até mesmo a cavalo, para assistir aos espetáculos!
Segundo o próprio Ramiro Viola, "Seu" Eduardo era
uma pessoa de fácil amizade e, nas idas aos Circos levava frutas, frango
caipira, quarto de leitoa, verduras, leite, queijos, ovos etc...
E foi por essa época que Ramiro assistiu a diversas apresentações
de Tião Carreiro e Pardinho, Zé Carreiro e Carreirinho, Tonico e Tinoco, Pedro
Bento e Zé da Estrada, Cascatinha e Inhana, Mário Zan, Zilo e Zalo, Liu e Léu,
Zico e Zeca, Zé Fortuna e Pitangueira, Irmãs Galvão e diversos outros artistas
que hoje são inclusive seus amigos.
Aos 12 anos, mais precisamente no dia 02/09/1965, Ramiro
seguiu para Botucatu-SP, ocasião na qual formou sua primeira dupla, que foi com
o primo Pedrinho, dois anos mais velho que Ramiro. Cantaram juntos durante 5
anos.
E foi na PRF-8,
a Rádio Emissora de Botucatu, que Ramiro cantou pela
primeira vez, no dia 30/10/1973, no Auditório Angelino de Oliveira. Depois
disso, Ramiro cantou em
diversos Circos que passaram por Botucatu-SP; chegou a cantar
inclusive com Chitãozinho e Xororó, além de ter convivido musicalmente com
grandes nomes do Rádio Botucatuense e Região, tais como: Plínio Paganini,
Osvaldo Policastro, Serrinha, Valter Contessote, Nhô Tião e tantos outros nomes
que Ramiro Viola ainda lembra com bastante saudade...
Entre 1974 e 1977, Ramiro conviveu e aprendeu bastante coisa
com Antenor Serra, o Serrinha, convivência essa que foi muito importante na sua
formação sertaneja e também para a nossa Boa Música Brasileira.
Ramiro Viola conheceu o companheiro Pardini no dia 06/11/1999,
no Clube Centro Brasil Itália, em Botucatu-SP, como será visto logo adiante.
Ramiro Viola reside atualmente em sua cidade natal que é
Botucatu-SP e é casado com Fátima Luciana. O casal tem dois filhos: Renato e
Eduardo Vieira de Andrade Neto. E o nome artístico Ramiro Viola (com acento!)
foi sugerido pela "Madrinha" Inezita Barroso!
Antonio Luis Nóbile, o “Pardini”, nasceu em São Caetano do Sul - SP
no dia 22/07/1965.
Filho de Antonio Nóbile e Neli Fratoni Nóbile, aos 10 anos,
influenciado por sua mãe, que é natural de Bofete - SP (a cidade natal do
Carreirinho), Antônio Luís começou a gostar da Música Caipira, aprendendo com
um amigo os primeiros acordes no Violão.
Seu tio Nadir, desde moço tocava e cantava em dupla na cidade
de Bofete - SP, perto de Botucatu-SP e foi, sem dúvida, uma importantíssima
influência musical na vida do seu sobrinho que, graças a ele, pode tocar
cantar, vencer a timidez e soltar a voz em publico...
Em março de 1983, Antonio Luiz, já casado com Dilene e pai de
Andréia e Adriana, mudou-se para a cidade de Santos - SP, porém, não se
esqueceu jamais de suas raízes, apesar de estar morando em cidade litorânea e,
sempre que possível, visitava seu tio Nadir em Bofete –S P, tendo a Viola
sempre presente.
Conheceu vários amigos, que junto com seu tio Nadir, cantavam
e tocavam durante churrascadas, aniversários e festas familiares.
E no dia 06/11/1999, com a vinda do amigo Santo Pavanelli
(que era dono de uma gravadora) a Botucatu-SP, para tratar de assuntos de
negócios no Clube Centro Brasil Itália, o tio Nadir convidou Antonio Luiz a uma
reunião na qual estava presente o cantor e compositor Ramiro Viola. Ao final da
reunião, como de costume, os amigos pediram e eles cantaram algumas Modas de
Viola para os presentes. E, de imediato, surgiu à idéia para a criação da
excelente dupla!
O nome artístico Pardini foi sugerido pelo Paraíso da Dupla
Mococa e Paraíso.
E a nova Dupla Caipira Raiz "Ramiro Viola &
Pardini" passou a se apresentar em programas diversos, tais como
"Cabana Sertaneja" pelo SBT-Bauru, "Viola Minha Viola" pela
TV Cultura de São Paulo-SP, além de apresentações em diversos programas no
Canal Rural em São
Paulo-SP , TV Serrana de Botucatu-SP, SBT de Jaú, TV Modelo de
Bauru, Canal do Boi, TV e Rádio Anhanguera de Goiânia-GO, TV Beira-Rio de
Piracicaba-SP, EPTV de Ribeirão Preto-SP, e também no "Bom Dia São
Paulo" e "Bom Dia Brasil" na Globo de São Paulo-SP, e ainda na
Rede Vida com Mário Zan.
Ramiro Viola e o parceiro Pardini gravaram em 2002 o primeiro
CD, “Violeiro Matuto”, com 14 faixas, contando com as participações especiais
de: Inezita Barroso, Carreiro & Carreirinho e tendo composições, de Jesus
Belmiro, Valdemar Reis, Zé Goiano, José Caetano Erba, Tico Andrade e também do
próprio Ramiro Viola.
O CD contou com o apoio de amigos como o Doutor e Deputado
Braz Nogueira (Botucatuense Emérito e Grande incentivador das Tradições
Caipiras da "Cidade dos Bons Ares" e patrocinador do CD), Rivaldo
Corulli (Diretor do Programa "Viola Minha Viola" na TV Cultura de São
Paulo-SP) e Robertinho do Acordeom (que dirige o Regional do Robertinho no
"Viola Minha Viola").
Ramiro Vióla e Pardini também criaram um novo ritmo que é o
"Pagode Estilizado" que pode ser ouvido na 9ª. Faixa do CD
"Violeiro Matuto", que é a música "Violeiro Pagodista"
(Ramiro Vióla - Pardini).
E, em Maio de 2002, Ramiro Viola e Pardini produziram o Álbum
Duplo, “Angelino de Oliveira - Arquivo”, projeto esse que era um antigo sonho
do Deputado Dr. Braz Nogueira, que era, por sinal, grande amigo do célebre
compositor.
Os dois CDs desse álbum duplo contam com a colaboração
artística de diversas pessoas, dentre elas, Rivaldo Corulli (Diretor do
programa "Viola Minha Viola" na TV Cultura de São Paulo-SP), Maria
Lúcia Dal Farra, Oliveira Neto e o Deputado Dr. Braz Nogueira.
Que voluntariamente abraçaram essa idéia para resgatar as
obras desse excelente compositor Caipira que, lamentavelmente só é conhecido
pelo seu maior sucesso “Tristezas do Jeca”!
Com uma excelente coletânea de músicas de Angelino de
Oliveira, esse CD está sendo distribuído gratuitamente em todas as Escolas de
Botucatu-SP. A tiragem foi de 1000 exemplares.
Ramiro Viola e Pardini têm também um "Livro de Registro
de Recebimento" onde aqueles que recebem deixam registrada a sua emoção.
Posteriormente esse livro será colocado no Museu Angelino de Oliveira na cidade
de Botucatu-SP, juntamente com o depoimento de cada contemplado para que as
futuras gerações pesquisem e conheçam as suas Raízes e nossas histórias
Caipiras e culturais!
“Viva a Viola... uma poderosa arma... da Paz!”.
Contato para shows e/ou para adquirir o CD autografado:
(14)3815-4088
Celular: (14)9708-6231
Botucatu–SP.
E-mail: ramiroepardini@uol.com.br
Rodrigo Mattos:
Este jovem Violeiro, ícone de genialidade musical
precoce e do crescente interesse pela Viola Caipira mesmo nas grandes capitais, nasceu no
dia 17 de junho de 1982 na Cidade de Santo André – SP, no ABC Paulista, a mesma
cidade onde reside Ricardinho.
Rodrigo Mattos, mesmo com pouca idade, sempre gostou mais da
Inezita Barroso do que da Xuxa. E, com 8 anos de idade ganhou um Violão de
presente de seus tios e aprendeu a tocar “de ouvido”, sem ter freqüentado aula
nenhuma. E, parte de seu aprendizado de Violão foi quando assistia ao
pantaneiro Almir Sater na novela “Pantanal”, na extinta TV Manchete, em 1990.
E, com apenas 10 anos de idade, iniciou sua carreira
artística, com apresentações em shows beneficentes, quermesses e festivais
escolares. Com 12 anos, chegou a mais de duzentas apresentações no mesmo ano!
Nessa época, pediu uma Viola ao seu pai que, inicialmente,
não queria lhe dar, dado o preconceito que sempre existiu com relação ao
tradicional instrumento, que “as pessoas acham que é velho... de Caipira...”.
E, assim como o Violão, Rodrigo também aprendeu a tocar a Viola sem nenhum
professor e sem nenhuma escola, apenas vendo e observando como os outros
Violeiros tocavam o instrumento.
E, já no ano seguinte, com apenas 13 anos, Rodrigo gravou seu
primeiro CD, “Juventude na Viola – Volume 1” , defendendo a Música Caipira Raiz e,
conseqüentemente, foi bastante criticado não apenas por ser ainda muito novo,
mas também por não estar “acompanhando o lado comercial da mídia”.
Tanto é que nesse primeiro CD Rodrigo foi obrigado a incluir
outros ritmos, como por exemplo, na faixa “Rap-Sertanejo” que mostra o
interesse da gravadora em tentar aproveitar o talento de Rodrigo num estilo
meramente comercial.
Rodrigo, no entanto faz questão de frisar bem a diferença
entre o “Sertanejo Romântico” (estilo de Zezé Di Camargo e Luciano e também de
Leandro e Leonardo, entre outros) e o “Sertanejo Raiz”, das Modas de Viola
Caipira. Apesar da preferência pela Música Raiz, ele costuma incluir os dois
estilos em seus shows, atendendo aos pedidos da platéia...
Na Viola, porém, para nossa grande alegria, Rodrigo procura
sempre seguir o estilo e a afinação do mestre Tião Carreiro, criador e Rei do
Pagode. "Ele parou e eu comecei", comenta Rodrigo Mattos,
referindo-se ao ano de 1993 quando Tião Carreiro deixou esse mundo, o mesmo ano
no qual, com 11 anos, Rodrigo estava bem próximo de conseguir uma Viola e
iniciar seus passos no Tradicional Instrumento Brasileiro. Mesmo sem ter
conhecido Tião Carreiro pessoalmente, Rodrigo freqüenta a casa do Rei do
Pagode, onde gosta de “jogar conversa fora” com Dona Nair, viúva de Tião.
Ao ouvir Rodrigo Mattos, o Apreciador que gosta dos ponteados
de Tião Carreiro, ou dos “índios cantadores” Cacique e Pagé, saberá que a
Música Caipira Raiz não está perdendo nenhum espaço. Do contrário, ela está
cada vez mais forte. E Rodrigo é uma das grandes evidências da valorização do
gênero Caipira Raiz.
Esse jovem e talentoso Violeiro também vem sendo considerado
como o herdeiro mais autêntico do Rei do Pagode.
E, com 15 anos de idade, Rodrigo lançou seu segundo CD,
“Juventude na Viola – Volume 2” ,
com obras composta por grandes nomes da Música Caipira Raiz, tais como José
Fortuna, Mário Zan, Lourival dos Santos e Tião Carreiro, entre outros.
E, por esse belo trabalho, Rodrigo Mattos recebeu o título de
"Príncipe da Viola", eleito pelos fãs do Programa "Viola Minha
Viola” apresentada pela “madrinha” Inezita Barroso (na mesma ocasião em que Juliana Andrade
também recebeu o título de “Princesa da Viola”).
Rodrigo também lançou o terceiro CD, “Brasil com S”,
produzido por Téo Azevedo e Rodrigo Mattos e que também é voltado à Música
Caipira Raiz, e conta com participações especiais das duplas “Cacique e Pagé”,
“Garutti e Cuiabá” e “Ernesto Malícia e Benedito Alves”.
Rodrigo Mattos também tem uma participação na segunda faixa
do CD de Téo Azevedo ("Brasil Com S - 60 Anos" - Volume 1). Rodrigo
Canta juntamente com Téo Azevedo a faixa-título "Brasil com S" de Téo
Azevedo em parceria com Rodrigo Mattos.
E Rodrigo, quando contava apenas 18 anos de idade, cruzou
nossas fronteiras e mostraram seu excelente trabalho ao público de Portugal,
Espanha, França, Itália e Israel!
Rodrigo teve recentemente, juntamente com a jovem Violeira
Juliana Andrade, uma participação brilhante no programa “Viola Minha Viola”,
apresentado pela “Madrinha” Inezita Barroso e que foi ao ar nos dias 09 e
13/07/2003 pela TV Cultura de São Paulo.
Rodrigo interpretou "Brasil com S" (Téo Azevedo -
Rodrigo Mattos) e "Graça Divina" (José Caetano Erba - Rodrigo Mattos
- Barbosa) e falou também sobre a "crítica" que tem recebido por
"não acompanhar o lado comercial" das gravadoras... E, no mesmo
programa, a "Madrinha" Inezita Barroso também mostrou seu belo toque
na Viola interpretando "Recortado" (Recolhido em Piracicaba-SP).
E Rodrigo Mattos lançou, pela Live Music, nesse ano de 2003,
o seu quarto CD "No Compasso da Viola", que foi produzido por Luis
Carlos e Rodrigo Mattos, sob a direção artística de Valdemar Marchetti e que
conta com a participação especial de Osvaldinho do Acordem no Forró "Potranca
Dengosa" (Toni Val - Rodrigo Mattos) e no Rojão "Lamento de Um
Nordestino" (Luiz Cigano).
O mesmo CD também contém a Moda de Viola "Inteligência É
Loucura" e o Batidão "Dores E Chá", ambas compostas por Moacyr
Franco. O famoso cantor, compositor e humorista (o "Chic No Úrtimo"
do programa "A Praça É Nossa" que vai ao ar aos Sábados pelo SBT)
também interpretam juntamente com Rodrigo a segunda faixa do CD
("Inteligência É Loucura").
Também vale a pena ouvir o Cururu "Velhos Retratos"
( José Caetano Erba - Rodrigo Mattos), o Pagode de Viola "Raiz do
Milenium" (Téo Azevedo) e o bem humorado Xote "Motel de Caipira"
do saudoso Adauto Santos.
Convido aqui o Apreciador a visitar o Site Oficial de Rodrigo
Mattos, com informações mais detalhadas de sua biografia e com seus três CD’s à
venda, além de links para diversos jornais com informações interessantes sobre
esse jovem talento que está ajudando a preservar e engrandecer cada vez mais a
Boa Música Brasileira e em especial à Música Caipira Raiz. Parabéns, Rodrigo!!!
Continue defendendo a Viola Caipira como você vem fazendo!!!
Contato para shows: (11) 6754-1092
Ou por e-mail: rodrigo@rodrigomattos.com.br
Téo Azevedo:
“É muito comum às pessoas me chamarem de folclorista,
pesquisador e outros adjetivos do gênero”.
Na verdade, não me considero nada disso. Para ser isso tudo,
além do amor pela cultura, é preciso ter Formação Acadêmica.
Sou um cantador violeiro, nascido em Alto Belo , distrito de
Bocaiúva, entre os vales dos rios São Francisco e Jequitinhonha, filho de
Tiófo, ‘o cantador de um braço só’, possuindo apenas a escola da vida, sendo o
meu aprendizado na cultura, o fruto de minha própria vivência e criação. Além
de minha curiosidade de conhecimento e o fato de não ter vergonha de perguntar
e aprender com quem sabe mais do que eu.
“Portanto, não sigo nenhum Critério Acadêmico, mas, com o
amor pela cultura e dentro de meu conhecimento, procuro trilhar o caminho da
simplicidade e da honestidade, fazendo a cultura de resistência do Brasil,
terra da gente.” (Téo Azevedo).
Cantador, Compositor, Violeiro, Repentista, Declamador de
Poesia Matuta, Escritor, Folclorista, Pesquisador de Cultura Popular, Autor de
Cordéis, Radialista, Produtor Fonográfico e defensor intransigente da Cultura
Popular e do Brasil, Teófilo Azevedo Filho nasceu 02/07/1943 na localidade de
Alto Belo, município de Bocaiúva-MG.
Seu pai, Teófilo Izidoro de Azevedo (1905-1951), ("Seu
Tiófo"), foi Lavrador, Aboiador, Ferreiro, Tropeiro, Pequeno Comerciante,
Folião de Reis, Seresteiro, Cantador Popular e Repentista. Também foi Violeiro
legendário, mesmo tendo somente um braço ("Seu Tiófo" perdeu o outro
braço devido a um tiro de espingarda durante uma caçada a veados) e, com a
Viola, "gerou lenda" que foi inclusive tema do poema "Viola de
Bolso" de Carlos Drummond de Andrade.
Buscando melhores condições de vida, Téo Azevedo se mudou
juntamente com a família para o Interior Paulista em 1951. Por ironia do
destino, no entanto, "Seu Tiófilo" faleceu devido à febre tifóide que
havia contraído. A família então se viu obrigada a regressar para o Alto Belo
no Norte Mineiro.
E, com as conseqüentes dificuldades enfrentadas pela família,
Téo Azevedo concluiu o somente o Primeiro Ano Primário e passou a trabalhar
como engraxate para ajudar sua mãe, dona Clemência. Isso em Montes Claros-MG
e Téo contando apenas 8 anos de idade! Enquanto engraxava sapatos, Téo recitava
versos de improviso para atrair clientes.
Foi nesse período que Téo Azevedo começou a cantar Repentes e
a participar de concursos de calouros em circos e parques. E, dos 9 aos 14 anos
de idade, cantando Calangos, Téo acompanhou o camelô Antônio Salvino, do Estado
de Pernambuco, que vendia remédios caseiros a base de ervas, naquelas feiras
interioranas. Téo se apresentava com uma jibóia enrolada no pescoço, cantando
Calangos de improviso para atrair a clientela.
Salvino é por muito considerado como o “descobridor” de Téo
Azevedo.
Com 16 anos, Téo seguiu de carona para Belo Horizonte-MG,
passando se apresentar nas ruas como repentista e vendendo também Cordéis de
sua autoria nas feiras livres da cidade. Na Capital Mineira, porém, Téo chegou
a ser preso por vadiagem. Apresentando sua defesa, Téo cantou um Repente no
qual ele dizia que "...é crime prender um cantador...", o que lhe
valeu algo como um "Salvo-Conduto" para poder continuar cantando nas
ruas de BH.
Com 17 anos, Téo Azevedo começou a lutar boxe e chegou a ser
tri-campeão mineiro! E foi nessa época, no início dos anos 60, que Téo também
começou a cantar seus repentes em casas de shows da Capital Mineira, tendo
criado um estilo de dançar gafieira (batizado como "Puladinho" pelo
sambista Kalu). Fundou também a Escola de Samba "Unidos do Guarani" e
participou ainda do conjunto de shows e bailes "Léo Bahia e os Embalos".
O primeiro disco, Téo Azevedo gravou no ano de 1965, no
estúdio Discobel. Téo interpretou "Deus Te Salve, Casa Santa"
(Domínio Público) tendo composto mais três estrofes e mudado a melodia
tradicional cantada no Norte de Minas Gerais. Essa música de autor desconhecido
é na verdade o que também conhecemos como "Calix Bento" (adaptado por
Tavinho Moura) e gravada também por renomados intérpretes e cantadores do
quilate de Milton Nascimento e Pena Branca e Xavantinho.
Três anos depois, em 1968, Téo Azevedo foi considerado por
Gérson Evangelista (cronista do jornal mineiro "O Debate") como
"O Melhor Compositor Mineiro do Ano". Em 1969, Téo seguiu para a
Paulicéia Desvairada, onde aprendeu todas as modalidades de Cantoria do
Nordeste com o cantador alagoano Guaiatã de Coqueiros.
Nas movimentadíssimas ruas da Capital Paulista, Téo Azevedo
"corria o chapéu" entre os ouvintes. E, na Feira de Arte da Praça da
República (criada pelo alagoano Antônio Deodato, que era conhecido também como
Deodato Santeiro), Téo cantava com Alceu Valença que na época também iniciava
sua carreira artística. Também em São Paulo-SP , Téo chegou a fazer parceria com o
Venâncio da dupla "Venâncio e Corumba" (famosa por ter composto o
célebre "Último Pau De Arara", juntamente com José Guimarães).
Téo lançou em 1978 o LP "Brasil, Terra da Gente",
no qual gravou, dentre outras composições, a música "Viola de Bolso",
na qual ele transpôs versos de Carlos Drummond de Andrade para o ritmo das
Folias de Reis. E, no mesmo ano, com a composição "Ternos Pingos da
Saudade" (Téo Azevedo - Cândido Canela), Téo recebeu o prêmio de melhor
melodia, melhor letra e melhor interpretação no Primeiro Festival de Música
Sertaneja, evento promovido pela Rádio Record de São Paulo-SP.
E em 1979, Téo participou da abertura da Feira do Livro na
Praça 7 de Setembro. Em seguida, foi convidado para gravar "jingles"
e "spots" no lançamento do primeiro Torneio de Repentes de Minas
Gerais.
No dia 07/01/1980, Téo Azevedo fundou a ARPPNM (Associação
dos Repentistas e Poetas Populares do Norte de Minas), juntamente com Amelina
Chaves, Jason de Morais, Josece Alves, Silva Neto, Pau Terra, João Martins e o
grupo Agreste. Téo foi Presidente da ARPPNM e doou para a mesma todos os
Direitos Autorais das obras de Domínio Público por ele recolhidas e adaptadas.
Além de mais de 10 discos gravados, nos quais Téo Azevedo tem
divulgado os mais variados ritmos da Cultura do Norte Mineiro, tais como
Calango, Coco de Viola, Lundu, Guaiano, Chula Campeira, Repente e Toada de Alto
Belo, também tem participações especiais em discos de diversos cantadores, tais
como Rolando Boldrin e Luiz Gonzaga.
Téo Azevedo também musicou um programa especial sobre
Guimarães Rosa para a Rádio Cultura-FM de São Paulo-SP. Téo musicou também dois
especiais para a TV Alemã (um sobre "Grande Sertão, Veredas" de
Guimarães Rosa e outro sobre "Cantigas de Vaqueiros e Repentistas"),
além de ter feito música também para as peças teatrais "A Hora E A Vez de
Augusto Matraga", também de Guimarães Rosa, e "Festa na Roça",
de Martins Pena.
E a Musicalidade de Téo Azevedo também atravessou nossas
fronteiras: em 1997, Téo interpretou "For Bobby Keys (Music and
Life)", versão de Michael Grossmann, no disco do Saxofonista Bobby Keys
(dos Rolling Stones). E, no mesmo ano, Téo também gravou juntamente com o
gaitista de Blues Charlie Musselwhite a música "Puxe o Fole, Sanfoneiro
Dominguinhos Tocador" (Téo Azevedo), a qual foi apontada como tendo sido a
melhor do respectivo CD.
Segundo Assis Ângelo, jornalista e pesquisador de Cultura
Popular, “Téo Azevedo é o compositor em plena atividade que tem mais músicas
gravadas no Brasil”:
“O número ultrapassa as 1500 canções”, gravadas por diversos
renomados intérpretes do quilate de Luiz Gonzaga, Sérgio Reis, Tião Carreiro,
Tonico e Tinoco, Jair Rodrigues, Cascatinha e Inhana, Zé Coco do Riachão, Banda
de Pífanos de Caruaru, Caju e Castanha, Milionário e José Rico, Pena Branca e
Xavantinho, Jackson Antunes, Gedeão da Viola, Genival Lacerda, Clemilda e Zé Ramalho.
Apenas para citar alguns, sendo que Téo é também o terceiro
compositor com mais músicas gravadas no Brasil. Lembrar que Téo Azevedo compôs
algumas músicas que foram gravadas também por intérpretes estrangeiros. E,
dentre diversos parceiros na composição, Téo tem composto juntamente com
Cândido Canela, Jansen Filho, Taís de Almeida, Lourival dos Santos, além de ter
musicado também o poema "Viola de Bolso" de Carlos Drummond de
Andrade, conforme já foi mencionado. As letras e melodias de Téo Azevedo, de um
modo geral, apresentam grande intensidade poética, tornando-o um dos grandes
mestres da Boa Música Brasileira.
Apesar do grande número de músicas suas gravadas por diversos
intérpretes, muitos dos quais surgindo atualmente, Téo Azevedo diz que nunca
processou alguém que tivesse se aproveitado de seus trabalhos, mesmo tendo sido
sem autorização. Segundo ele, “Existe meia dúzia de endeusados pela crítica que
só cedem as músicas para os medalhões. Se um artista menos conhecido grava suas
músicas, eles logo abrem processo e esfolam as pessoas”.
Téo Azevedo foi também Mestre de Folia de Reis durante 30
anos, tendo sido um dos criadores do "Terno de Folia de Alto Belo",
com o qual chegou a participar da novela "Serras Azuis", da Rede
Bandeirantes, em 1998. Téo Azevedo também promove anualmente a "Festança
de Alto Belo", considerada a maior festa de Folia de Reis do Brasil. Seu
conterrâneo Jackson Antunes também tem participado todos os anos desse
tradicional evento do Norte Mineiro!
Devemos também ao Téo Azevedo o mérito de ter descoberto o
excelente luthier e tocador de Viola e Rabeca, mineiro do Norte, Zé Côco Do
Riachão, quando este já contava quase 70 anos de idade. E foi Téo que lhe
sugeriu o apelido de "Riachão"! Téo conta, num Cordel de sua autoria:
"...conheci Zé Côco em 1979, quando precisei consertar duas Violas. Desde
então, impressionei-me com o velho que, já em idade avançada, não tinha feito
nenhuma gravação. A partir daí, passei a acompanhá-lo, tornando-o conhecido do
público". Posteriormente, Zé Côco do Riachão foi considerado o melhor
instrumentista de cordas do Brasil, quando do lançamento de seus dois primeiros
LP’s, em 1980 e 1981. Ainda segundo Téo Azevedo, "Zé Côco do Riachão foi o
maior músico da história do Brasil, ao lado de Luiz Gonzaga".
Téo Azevedo também escreveu diversos livros, sendo que o
primeiro deles foi "Literatura Popular do Norte de Minas". Também
escreveu, "Plantas Medicinais e Benzeduras", "Cultura Popular do
Norte de Minas", "A Folia de Reis no Norte de Minas",
"Abecedário Matuto", "Repente Folclore", "Tiófo, O
Cantador De Um Braço Só", "Dicionário Catrumano (Pequeno Glossário de
Locuções Regionais)", "As Plantas Que Curam" e "Versos de
Rodeio".
Isso tudo, sem falar na Literatura de Cordel, da qual Téo
Azevedo escreveu mais de mil estórias! Téo é considerado como sendo um dos últimos,
senão "o último", elemento vivo do Cordel Mineiro, que se manifesta
com toda pujança e força de expressão, além da manifestação comunicacional e
artística. Seus livros de Cordel já foram tema de estudos em universidades,
tais como Arizona (Estados Unidos), Osaka (Japão) e Sorbonne (França), além de
sua obra já ter também originado uma Tese de Doutorado na Universidade de
Colônia (Köln) na Alemanha.
De acordo com Sebastião Breguez, em seu excelente artigo
"A Literatura de Cordel como Produção de Notícia e Jornalismo Popular: Uma
Análise da Obra de Téo Azevedo", “O Cordel, que é originário de Portugal,
teve muita influência cultural no Nordeste brasileiro, mas teve ramificações em Minas Gerais ,
principalmente, no Norte de Minas, onde é forte a influência nordestina”.
Há um preconceito em associar-se o Cordel como forma de
expressão cultural genuinamente do Nordeste Brasileiro. Mas o processo de
migração do povo brasileiro, trouxe uma grande população para a região Norte e
Nordeste de Minas Gerais. Ali as áridas condições do clima e da vegetação, além
da pobreza generalizada, reproduziram os tipos humanos que se traduzem em
expressões artísticas e se utilizam do Cordel como forma de comunicar e
manifestar ao mundo suas diversas formas de pensar, sentir e agir."
Sebastião Breguez também afirma que "De maneira geral,
tem-se aceitado a origem Lusitana de nossa Literatura de Cordel. O próprio
Teófilo Braga (1895) foi testemunho de que o nosso Cordel se assemelhava com as
'Folhas Volantes' portuguesas. Manuel Diegues Jr., por sua vez divide a
Literatura de Cordel em três grandes vertentes ou grupos: 'Temas Tradicionais'
(romances e novelas, contos maravilhosos, estória de animais, anti-heróis e
tradição religiosa), 'Fatos, Circunstâncias ou Acontecidos' (manifestação de
natureza física, fatos de repercussão social, cidade e vida urbana, crítica e
sátira, o elemento humano: Getúlio Vargas, Tancredo Neves, Juscelino, fanatismo
e misticismo como Antônio Conselheiro e Padre Cícero, cangacerismo Antonio
Silvino e Lampião, tipos técnicos e tipos regionais) e 'Cantorias e Pelejas'
(os desafios)."
Com mais de 3000 produções, Téo Azevedo vem sendo
considerado também como o maior produtor de discos do Brasil. E, em 1998, Téo
criou seu próprio selo fonográfico, a gravadora Pequizeiro, que, em 2 anos de
atividade, chegou a acumular cerca de 160 títulos, de autores diversos, mas que
infelizmente teve que fechar as portas por não ter conseguido "furar o
monopólio" das gravadoras estrangeiras. Téo também é contra a pirataria,
no entanto, acha que o CD custa muito caro: “Um CD deveria custar, no máximo,
R$ 5,00” ,
afirma ele, com a autoridade de quem produz e sabe quanto custa realmente um
CD.
Téo Azevedo tem lançado seus mais recentes CD na
excelente gravadora Kuarup, com destaque para os CD's "Cantos do Brasil
Puro" - KCD158 (foto acima e à direita) e também os dois CD's "Brasil
com S" - vol. 1 e 2 - KCD178 e KCD 179 (fotos abaixo), respectivamente, os
quais comemoram o 60º aniversário de Téo Azevedo com participações especiais de
Dominguinhos, Gedeão da Viola, Rodrigo Mattos, Jackson Antunes, João Mulato e
Paraíso e também de seu sobrinho Rodrigo Azevedo, que vem despontando como
Solista de Viola Caipira. Segundo Téo Azevedo, Rodrigo já faz parte da 8ª
geração da família dedicada à Música!
Téo Azevedo também faz palestras periódicas sobre
Cultura Popular em diversas Faculdades Brasileiras , além de já ter
feito também conferências sobre o mesmo tema em Portugal, país aonde também
chegou a realizar uma apresentação no Teatro da Ilha da Madeira!
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