Ouro e Prata:
Havia em 1945 no Bom Retiro um grupo vocal - instrumental
chamado "Bando do Sereno". Os rapazes eram amadores, mas ganhavam
todos os prêmios nas Horas de Calouros. No Natal daquele ano, um
desentendimento fez com que o conjunto se desfizesse. Mas um dos vocalistas, o
pandeirista Miguel Angelo Roggieri havia prometido a uma garota que o grupo
iria abrilhantar sua festa.
A solução que encontrou foi propor a um dos
violonistas do conjunto, o seu amigo Renato, comparecerem somente os dois
(violão e pandeiro), e assim o fizeram.
A dupla agradou em cheio.
Entusiasmados, inscreveram-se no programa de
calouros "A hora do gato" - de J. Antônio D'Avila - com o nome
"Dupla R" (Roggieri e Renato); ganharam o prêmio.
O Diretor da
Rádio Bandeirantes, José Nicolini, tendo ouvido e gostado dos dois rapazes,
resolveu contratá-los, inicialmente por seis meses (tempo que foi prorrogado
para oito meses)
Nos ultimos quatro meses, (por incompatibilidade),
ocorreu a troca de um dos integrantes , o Renato, pelo outro violonista (e
crooner) do Bando do Sereno, o Rubião de Oliveira. Em uma das apresentações, o
animador Vicente Leporace, que não gostava do nome "Dupla R" ,
sugeriu a troca : e , Num improviso, na hora da apresentação, anunciou:
"Com vocês , a grande Dupla Ouro e Prata!" - E o nome ficou.... e o
estilo tambem marcou, ja que, com aqueles arranjos, a dupla parecia um conjunto
(eram os arranjos do Bando do Sereno).
Ao encerrar-se o contrato com a Rádio Bandeirantes
e para ganhar mais, aceitaram a proposta da direção da Rádio Tupi,
tranferindo-se assim para esta em 16 de setembro de 1946. Foram dois anos de
ascenção, sucesso e viagens por todo o Brasil tornando-se um dos mais famosos
do Pais. Outra ampliação da remuneração aconteceu, quando transferiram-se para
a Rádio Record.
Ao mesmo tempo em que aconteceu a estréia na Record,
começaram a gravar discos pela "Continental". Primeira gravação:
"Balanceio" de Mario Zan e Arlindo Pinto e, no verso,
"Sinhá-Sinhá" de Miguel Angelo e Rubião de Oliveira. Logo em seguida,
para o Carnaval de 1949, o maior sucesso coube à Dupla, com o samba
"Bebo" de José Roy e Vitor Simon ( foram os campeões).
Nem bem aconteceu a vitória naquele Carnaval e...
um terrível e inesperado fato abalou os meios artísticos: Uma doença que, dias
antes, se apoderara do nosso Rubião de Oliveira,no Sábado de Aleluia de 1949,
aos 23 anos de idade levou-o para a eternidade, pegando de surpresa todos os
que o circundavam. E o Miguel ficou arrasado, com uma expressão angustiosa
estampada no rosto, só pensando em parar com tudo.
Nem lhe passava pela mente prosseguir na carreira
artística. Porém os diretores da emissora procuraram convencê-lo a não parar,
dando-lhe o tempo que fosse necessário para conseguir outro parceiro. Esse
gesto fez renascer nele o desejo de continuar.
Muitos candidatos já se ofereciam mas quando algum
deles apresentava dotes artísticos admiráveis, acabava revelando um mau
caráter. E quando se tratava de uma boa pessoa, sua parte artística deixava a
desejar. Mas, um amigo comum aproximou do Miguel, um rapaz que pertencia a um
outro conjunto amador - "Príncipes da Vila" - chamava-se Oswaldo Cruz
e ambos deram-se bem, começando imediatamente a ensaiar. Com muita dedicação,
em poucos dias, já apresentavam uma regular quantidade de músicas prontas para
serem levadas a público.
Antes de apresentarem-se em programas da Record ,
um empresário levou-os a fazer alguns shows na PRB-2 de Curitiba e isso serviu
para entrosar os rapazes, fazendo com que o Oswaldo Cruz não sentisse demais a
sua estreia em público.
Junto com a reentrada na Record, houve o lançamento
de um disco da Dupla, tendo em uma das faces a mísica "Lá vem a
Baiana" e na outra, "Copacabana". Em seguida, quase sem
intervalo, saiu o primeiro disco que gravaram pela "Elite Special";
de um lado, o samba "Morena" de José Roy e Orlando Monello; e no verso,
"Anoitecer no Texas" de Roggieri e Morais Filho.
De maio de 1959 até junho de 1963 valeu o contrato
com a Rádio Record e 1963 marcou o final da Dupla Ouro e Prata, já que o Miguel
iniciou sua carreira solo, gravando com o nome Miguel Angelo a música "Quatro
Paredes" alcançando um sucesso apreciável. Enquanto o Miguel Angelo passou
a viajar sozinho, o Oswaldo Cruz, a convite do Compositor Lúcio Cardim, passou
a cantar na casa noturna de propriedade do mesmo, iniciando um trabalho na vida
noturna que duraram dez anos.
Em dado momento, Deus assim quis, Miguel Ângelo
deixou de estar entre nós e passou-se para outra dimensão, deixando um vazio
terrível na alma de todos os fãs, parentes e do parceiro remanescente Oswaldo
Cruz, que ficou meio desorientado; não fossem os amigos íntimos a darem forças
a este para que se conformasse com a perda, e ele talvez tivesse deixado de
lado para sempre a ideia de prosseguir na vida artística.
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